Agronegócio

Navio parado no Canal de Suez gera prejuízo de US$ 400 mi por hora ao comércio mundial

Embarcação atravessada está impedindo o tráfego diário de 93 navios, que transportam US$ 9,7 bilhões em mercadoria

Navio encalhado Canal de Suez
Imagem de satélite do navio encalhado no Canal de Suez. Foto: Airbus

Desde a última terça-feira, 23, o navio porta-contêineres Ever Given, com 400 metros de comprimento, encalhou no Canal de Suez, e bloqueou a passagem de outros embarcações pela principal rota marítima que liga Ásia e Europa, por onde é escoado 12% de todo o comércio mundial.

Esse evento inesperado tem causado um prejuízo estimado de US$ 400 milhões por hora, segundo a publicação especializada em comércio marítimo Lloyd’s List. O jornal britânico estimou que o valor das mercadorias que passam pelo canal todos os dias equivalem a US$ 9,7 bilhões, sendo US$ 5,1 bilhão viajando para o oeste e US$ 4,6, para o leste.

Quase 100 embarcações passam pelo canal diariamente e, a cada dia que o bloqueio permanece, o atraso no comércio mundial vai se acumulando. Por isso, o preço de algumas commodities como o petróleo apresentaram altas significativas por causa do acidente.

Nesta sexta, 26, os preços futuros do petróleo subiram mais de 3%, segundo informações da Safras & Mercado, com o temor de que a oferta venha a diminuir com o bloqueio provocado pelo porta-contêineres.

Navio encalhado Canal de Suez
Foto: SCA

O bloqueio também teve impacto sobre a oferta de café instantâneo na Europa, já que navios vindos do Vietnã utilizam a rota. Caso a situação não se resolva a tempo, torrefadoras europeias podem ser forçadas a recorrer a seus estoques. Além disso, redirecionar os navios para que eles contornem o Cabo da Boa Esperança pode elevar os custos, disseram analistas.

Ajuda internacional

Em conexão com os esforços contínuos para desalojar o navio de contêineres que encalhou durante sua passagem, a Autoridade do Canal de Suez (SCA) sinalizou positivamente para a oferta dos Estados Unidos de contribuir com as manobras de retirada da embarcação.

A SCA expressou sincera gratidão por todas as ofertas que recebeu de assistência neste sentido,  ao mesmo tempo, “destacando os esforços contínuos para flutuar novamente o navio porta-contêineres e afirmando seu empenho em garantir o tráfego marítimo global regular no Canal de Suez o mais rápido possível”.

Pedido de desculpas

O proprietário japonês do navio encalhado pediu desculpas pelos transtornos causados em Suez. Em entrevista à empresa local, Yukito Higaki, presidente da Shoei Kisen, empresa dona do barco, disse que 10 rebocadores foram colocados para dragar as margens e o fundo do canal.

“Pedimos desculpas por bloquear o tráfego e causar um tremendo problema e preocupação para muitas pessoas, incluindo as partes envolvidas”, disse à Al Jazeera.

Ele disse que a empresa considerou remover alguns dos milhares de contêineres do navio, mas percebeu que seria uma operação muito complexa e que levaria dias.