Agronegócio

Soja é responsável por quase 30% das exportações em abril

Grão teve recorde histórico em volume embarcado com 16,3 milhões de toneladas e recorde mensal em valor exportado de US$5,4 bilhões. Balança comercial fechou com saldo positivo de US$6,7 bilhões, melhor resultado para o mês de abril desde 2017

Dados preliminares do Ministério da Economia mostram que as exportações de soja em grãos geraram uma receita recorde mensal em abril de US$5,4 bilhões. Além do valor ser 73,5% maior do que o arrecadado no mesmo período de 2019, o alto volume de vendas da oleaginosa fez com que esse produto fosse o maior gerador de rendimentos do país. As exportações de soja representaram 29,8% da arrecadação total do Brasil no último mês. O grão ainda garantiu o recorde histórico de volume embarcado com 16,3 milhões de toneladas.

Os principais blocos compradores de soja foram a Ásia – com exclusão do Oriente Médio – e a Europa. A Ásia comprou 81,5% mais soja em abril deste ano do que no mesmo mês de 2019. Um aumento de US$ 101,1 milhões na média diária de vendas. Apesar da Europa ter apresentado porcentagem de crescimento nas compras parecida com a Ásia, de 84,8%, o aumento da média diária de vendas ficou expressivamente menor: US$16,1 milhões.

Além das vendas de soja, as exportações de proteínas estão entre as que mais contribuíram para que a balança comercial fechasse o mês com superavit de US$6,7 bilhões. Esse é melhor resultado de abril desde 2017, quando o saldo positivo foi registrado em US$7 bilhões.

Vendas de carne bovina tiveram aumento de 25% em relação ao mesmo mês de 2019, fechando outro recorde mensal de arrecadação com US$509 milhões. Somente as vendas para a Ásia, com exceção ao Oriente Médio, tiveram crescimento de 114,1% neste mês. Uma média diária de arrecadação de US$9,4 milhões. A proteína suína também teve desempenho surpreendente e recorde: 40,5% de crescimento em ganhos. Foram US$154 milhões comercializados. Já as carnes de aves tiveram queda de comercialização de 7,7% no comparativo com 2019, mas garantiram US$467 milhões de receita.

O documento de análise de resultados produzido pelo Ministério da Economia explica que “o bom desempenho desses produtos evidencia a competitividade das exportações, favorecida por uma taxa de câmbio real mais  desvalorizada. Além disso, a demanda mundial por esses bens mostra significativa resiliência, sobretudo a demanda asiática”.

Mas nem todos os panoramas são positivos. Mesmo com esse cenário favorável em meio à pandemia do novo coronavírus, produtos agropecuários tiveram forte queda de comercialização com países do Oriente Médio. O milho teve redução de 98,5% nas vendas. Uma retração média diária de US$2,6 milhões. A soja também foi impactada com queda de 57,9%. A carne bovina teve baixa parecida com a oleaginosa: diminuição de 56,1% das exportações para região.

De acordo com o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, o Irã foi o país que mais reduziu as compras de produtos brasileiros em geral durante o mês de abril, -77,7%.

“O país foi um dos primeiros a ser fortemente atingido pela pandemia de COVID-19. Além do Irã, caíram as exportações principalmente para os Emirados Árabes, -26,3%, e Omã, de 36,7%. Outro fator de influência negativa sobre as vendas brasileiras para o Oriente Médio, para além dos recentes aumentos das tensões geopolíticas na região, refere-se à queda dos preços internacionais do petróleo, que funciona como um choque de renda negativo para a região, afetando a dinâmica das importações de bens e serviços internacionais”, explicou.

Para o secretário de Relações Exteriores do Ministério da Agricultura, Orlando Ribeiro, a queda nas compras de produtos agropecuários por parte do Oriente Médio é preocupante. “É preciso identificar as causas, saber se é algo temporário ou permanente, qual o verdadeiro impacto da queda dos preços do petróleo. Recordo que quando esse tipo de situação ocorre, bens supérfluos são os primeiros a sofrer. Alimentos, os últimos. Analisado o quadro, traçaremos uma estratégia pra retomar as exportações para aquela região”, ponderou.

Nesse período, as importações de produtos agrícolas vindos da América do Norte também sofreram queda. O Brasil importou 28,9% menos adubos e fertilizantes em abril de 2020, no comparativo com o mesmo mês de 2019. Máquinas agrícolas e suas partes, com exceção de tratores, também tiverem forte retração de 81,8%. Redução de US$2,3 milhões comercializados na média diária.