Economia

Guerra na Ucrânia faz FMI rever projeção de crescimento da economia global

De acordo com a organização, é esperado que os custos econômicos da guerra se espalhem por meio do mercado de commodities

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial de 2022 seja de 3,6%, uma baixa em comparação com a previsão de janeiro que indicava uma alta de 4,4%. O órgão atribui a redução como uma consequência direta da guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia. Em 2021, o PIB mundial cresceu 6,1%. Nesta segunda (18), o Banco Mundial também revisou suas projeções para o crescimento da economia global.

“Espera-se que os custos econômicos da guerra se espalhem por meio de mercados de commodities, comércio e – em menor grau – interconexões financeiras. Os aumentos de preços de combustíveis e alimentos já estão tendo um impacto global, com populações vulneráveis – particularmente em países de baixa renda – mais afetadas”, diz o FMI em seu novo relatório sobre previsões econômicas.

De acordo com a entidade, a guerra na Ucrânia amplificou as forças econômicas que já estavam moldando a recuperação global da pandemia. “Mesmo antes de a Rússia invadir a Ucrânia, amplas pressões sobre os preços levaram os bancos centrais a apertar a política monetária e indicar posturas futuras cada vez mais agressivas”, explica o FMI.

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Foto: Governo Federal

Assim, com o aumento acentuada das taxas de juros, a volatilidade dos preços dos ativos cresceu desde o início de 2022, atingindo os balanços patrimoniais e corporativos, assim como consumo e investimento.

“A perspectiva de custos de empréstimos mais altos também aumentou o custo do apoio fiscal estendido. Essas mudanças estão ocorrendo mais rapidamente do que o esperado anteriormente, mesmo porque muitas partes da economia global – particularmente países com baixas taxas de vacinação – devem lidar com a pressão contínua nos sistemas de saúde por causa da pandemia”, explica o FMI.

Devido a isso, mesmo a estimativa para 2023 foi reduzida, passando de um crescimento de 3,8%, previsto em janeiro, para uma alta de 3,6%. Além de 2023, o crescimento global deverá cair para cerca de 3,3% no médio prazo.

“Fundamentalmente, esta previsão pressupõe que o conflito permaneça confinado à Ucrânia, novas sanções à Rússia isentam o setor de energia (embora o impacto das decisões dos países europeus de se livrar da energia russa e dos embargos anunciados até 31 de março de 2022 sejam considerados na linha de base), e os impactos econômicos e de saúde da pandemia diminuem ao longo de 2022”, explica o órgão.

O FMI prevê que, com algumas exceções, o emprego e a produção normalmente permanecerão abaixo das tendências pré-pandemia até 2026. Segundo o órgão, os efeitos da recuperação serão maiores nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento do que nas economias avançadas – refletindo um apoio político mais limitado e vacinação geralmente mais lenta.

A entidade alerta que “uma incerteza incomumente alta envolve essa previsão”, com riscos negativos para as perspectivas globais dominando, como: um possível agravamento da guerra, escalada de sanções à Rússia, uma desaceleração mais acentuada do que o previsto na China devido à política covid-zero e um surto renovado da pandemia caso uma nova cepa de vírus mais virulenta surja.

“Além disso, a guerra na Ucrânia aumentou a probabilidade de tensões sociais mais amplas devido aos preços mais altos de alimentos e energia, o que pesaria ainda mais nas perspectivas”, conclui o FMI.

Projeção de alta no PIB do Brasil

Em relação à economia brasileira, o FMI espera que o ano de 2022 o país tenha um crescimento de 0,8%, percentual ligeiramente melhor sobre os 0,3% projetados pelo fundo em janeiro. Já para 2023, a instituição elevou para baixo a projeção de crescimento, passando de 1,6% para 1,4%.