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Manifesto de entidades é para chamar 'os adultos na sala’, diz presidente da Abag

Um grupo de sete entidades ligadas ao agronegócio publicou um manifesto em que defende o Estado Democrático de Direito

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, disse que o manifesto de entidades do setor produtivo, divulgado nesta segunda-feira, 30, serve para ‘colocar os adultos na sala’ neste momento de crise política.

O manifesto foi lançado poucas horas antes de uma entrevista de Brito ao programa Roda Viva, da TV Cultura. “[O manifesto] já estava pronto, e o manifesto foi muito aberto mas muito centrado na posição de desenvolvimento, de crescimento, e de paz, nós estamos precisando de paz”, disse.

Segundo o líder da entidade, o manifesto, assinado por sete entidades ligadas ao agronegócio brasileiro, não tem o objetivo de confrontar o governo. “É um chamamento para colocar os adultos na sala”, afirmou.

Ainda de acordo com o Brito, outras entidades do agronegócio também apoiaram o manifesto, mas preferiram o anonimato para não se indispor com o poder público.

Manifestações

Foto: Reprodução/TV Cultura

Questionado sobre as manifestações marcadas para o dia 7 de setembro, Marcello Brito disse que não se opõe a qualquer tipo de exposição, desde que seja pacífica e tenha um caráter democrático.

Evitando polêmica sobre a situação do presidente da Aprosoja Brasil, Antonio Galvan, investigado em inquérito do STF sobre atos violentos e ameaçadores contra a democracia, Brito disse que a Abag “não representa todo o agronegócio brasileiro”.

Agronegócio brasileiro

Sobre questões mais técnicas do setor, o presidente da Abag deixou claro que não concorda com o presidente Bolsonaro sobre a necessidade de exploração das terras indígenas para a expansão do agronegócio nacional. “Sou um homem da ciência. Eu acredito na ciência. Eu não vi nenhum estudo sério mostrando isso”, disse.

Sobre a imagem do Brasil no mundo, e o impacto negativo que isso pode trazer para o setor, especialmente depois do aumento das queimadas e do desmatamento ilegal, Brito disse que isso é um estrago causado por apenas 1% do setor. “A saraivada de críticas que vem para o Brasil não é porque produzimos soja, milho, algodão, palma, papel e celulose. Ela está vindo porque não demos a destinação correta para Amazônia brasileira, que a gente continua com desmatamento ilegal, a gente continua expandido esse desmatamento (…) Nós temos um problema aqui que se chama Amazônia, que é maior do que o Brasil. Na época que o desmatamento estava caindo, até 2012, o agronegócio estava explodindo. E não existia, naquela época, 5% das críticas que existem contra o agro hoje. Porque? Porque fazem esse link com a Amazônia. Precisamos cumprir a lei”, afirmou.

De acordo com o Brito, por enquanto, o Brasil vem perdendo oportunidades, uma vez que o país representa apenas 0,2% do mercado de produtos advindos de florestas tropicais, cujo montante está estimado em US$ 280 bilhões. “Países como a Bolívia, Vietnã e Indonésia, por exemplo, estão na nossa frente”, pontuou.

Para ele, essa constatação mostra que as políticas públicas de desenvolvimento não contemplaram a Amazônia. “Precisamos mudar urgentemente essa situação. Há investimentos para esse tipo de trabalho, mas a questão da insegurança jurídica decorrente da falta de governança pública é um entrave”.

O presidente da Abag também falou sobre a COP 26 – conferência do clima que vai acontecer no fim do ano, na Escócia. Segundo ele, o país vai precisar se explicar. “O Brasil vai chegar na COP devendo, nós vamos chegar lá para dar explicações. E pela segunda vez nós não vamos chegar entre os líderes, vamos chegar entre os liderados. Isso é muito ruim”, comentou.