Pecuária

MS investe em projeto para aumentar produção de mel em 10% neste ano

No ano passado, o número de apicultores cadastrados no estado cresceu 8%; secretaria vê espaço ainda maior para ampliação da atividade

O maior produtor de mel da região do Centro-Oeste, com 984 mil quilos do produto em 2020, Mato Grosso do Sul quer elevar sua produtividade em pelo menos 10% neste ano. Essa meta já tem sido buscada por meio das ações da Secretaria de Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Agricultura Familiar (Semagro). No ano passado, o número de apicultores cadastrados junto a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) cresceu 8%, passando de 1.016 para 1.097 produtores. Mesmo assim, a atividade ainda tem muito espaço para crescimento no estado.

Para falar sobre os desafios da cadeia produtiva do mel e meios de interligar a agricultura e a apicultura, a Semagro lançou a campanha Agrocooperação. Lançado em setembro do ano passado, o projeto é uma iniciativa do governo do estado com o intuito de promover a conformidade na produção agropecuária, estimular a adoção de boas práticas agrícolas em apicultura, troca de experiências e informações. Tendo objetivo de estabelecer e reforçar o diálogo entre produtores rurais, apicultores e profissionais da aviação agrícola e revendas de defensivos agrícolas, conscientizando sobre os limites de cada um e a responsabilidade com a produção segura e ambientalmente sustentável de alimentos. 

De acordo com o superintendente de Pecuária da Semagro, Rogério Beretta, o Agrocooperação é de extrema importância para a cadeia produtiva debater as boas práticas no setor. “Este tipo de debate nos permite avançar de modo sustentável na apicultura, que é um princípio básico da secretaria”, enfatizou. Ele destacou que a percepção das pessoas quanto ao setor produtivo mudou bastante. “Hoje temos que focar não apenas em produzir, mas como produzir de uma maneira que consiga manter a sustentabilidade e não agredir outros setores. Trabalhamos muito isso na secretaria”, conta o superintendente.

Beretta ressalta que, os desafios que Mato Grosso do Sul tem em relação a obter o status de estado Carbono Neutro até 2030. “Mesmo assim temos tranquilidade devido aos nossos programas que já atuam neste sentido, com objetivos e metas que são sempre de produzir com sustentabilidade”.

Crescimento

As abelhas e outros polinizadores são amplamente reconhecidos pelo seu importante papel e contribuição para a segurança alimentar e nutricional, agricultura sustentável, saúde ambiental e dos ecossistemas, enriquecimento da biodiversidade e outros aspectos do desenvolvimento sustentável. 

A atividade se divide em apicultura, que envolve a criação de abelhas com ferrão, e a meliponicultura, que trabalha com as abelhas sem ferrão ou indígenas, nativas, ou ainda, simplesmente chamadas de meliponíneos ou melíponas. No Brasil, a atividade é desenvolvida por pequenos e médios produtores na maioria das regiões e está em franca expansão. O mel das melíponas é um produto peculiar e de alto valor de mercado por ser considerado orgânico. No Mato Grosso do Sul, 11,5% são criadores de abelhas sem ferrão, mas há outros 16,8% que exploram as duas atividades, segundo levantamento realizado pela Câmara.

De acordo com dados repassados pelo assessor da coordenadoria de Pecuária, Orlando Camy Filho, Mato Grosso do Sul tem evoluído na produção de mel a cada ano. Através da Câmara são feitos estudos, pesquisas e análises da situação em que se encontram os produtores nas diversas regiões, visando subsidiar os profissionais na elaboração das ações que atendam as demandas, desde a qualificação tecnológica, a capacitação, a organização produtiva e de comercialização, além das estruturas disponíveis para a aquisição de insumos, crédito e assistência técnica. “O objetivo é que Mato Grosso do Sul seja referência em qualidade e organização, com a melhoria de renda dos pequenos produtores e da conservação ambiental”, relata. 

O diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, ressaltou o papel do Iagro na regulação e orientação da cadeia produtiva. “A Iagro não abre mão de ser a entidade reguladora e fiscalizadora, mas focamos também na orientação dos produtores. A orientação é que a Iagro seja agregadora na sustentabilidade em MS”, frisou. A meta do Iagro é ampliar o cadastro dos apiários e registro de colmeias. “Tivemos um incremento de cadastro na Iagro. Em 2020 eram 1.016 produtores de mel com 25.109 colmeias. Já no ano passado, o volume subiu para 1.097 apicultores, e 27.145 colmeias. Aumento de 8% que mostra a importância da integração em relação a informação. Não se trata apenas de regulação da atividade, queremos saber onde estão os apicultores quem são e isso será possível com a atualização de dados destas pessoas no cadastro da Iagro”, acrescentou.

Boas práticas na produção de mel 

A necessidade de discutir boas práticas na aplicação de defensivos que possam garantir a sobrevivência da apicultura foi destacada nas ações da campanha Agrocooperação. O superintendente salientou que a Semagro tem trabalhado forte no fomento destas ações. “Temos que entendendo o ecossistema como um todo e não apenas questão financeira. A forma e o momento correto de praticar isso e uma exemplo de que a Iagro faz trazendo conhecimento transferindo tecnologia e unindo as cadeias como a apicultura e agricultura”, destacou.

Quanto ao relacionamento entre cadeias, Beretta disse que a Semagro deve divulgar em breve o Plano estadual de florestas. “Mato Grosso do Sul tem o 2º maior maciço florestal do país com uma grande indústria se instalando em Ribas do Rio. Isso aumenta a possibilidade dos apicultores produzirem nas florestas de eucaliptos. O interelacionamento é este foco na produção correta, no modo de conduzir o processo produtivo. Isso ratifica a campanha do Agrocooperação”, pontuou.

Por fim, ele ressalta  que as entidades devem ter um olhar atento na difusão, no trabalho, na questão da sanidade e preservação de espécies. “Entendemos que o respeito a estes pontos é de extrema importância para um fechamento com chave de ouro na apicultura. Por isso temos o Agrocooperação como um programa de Governo alinhado com a Semagro e suas subsidiárias”, finalizou.