Aliança da Soja

Planejamento logístico e biotecnologia são esmiuçados no Fórum Aliança da Soja

Evento aconteceu em Unaí (MG) e reuniu especialistas da cadeia do grão para munir o produtor com informação de qualidade

https://youtube.com/watch?v=DKFNjf1SNOg%22+title%3D%22YouTube+video+player%22+frameborder%3D%220%22+allow%3D%22accelerometer%3B+autoplay%3B+clipboard-write%3B+encrypted-media%3B+gyroscope%3B+picture-in-picture

Portos marítimos em fase de construção no Espírito Santo serão capazes de receber navios do tipo capesize, com cargas de 150 mil a 200 mil toneladas e redução de frete de até 7,5% na movimentação para a China. A informação foi trazida pelo assessor especial de infraestrutura da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Luis Claudio Santana Montenegro, durante o primeiro Fórum Aliança da Soja, em Unaí, Minas Gerais, na última sexta-feira, 10.

O evento fez parte da programação da segunda Feira Agropecuária Técnica de Unaí (AgroTech) e foi uma iniciativa do Canal Rural com a Plataforma Intacta 2Xtend, trazendo duas horas de informação sobre o mercado da soja, tecnologia de sementes e a logística do escoamento de grãos.

Presente na ocasião, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Unaí, Ricardo Rodrigues de Almeida, destacou que a cidade é um grande produtor de alimentos, não só de grãos, mas também de leite e carne, especialmente a bovina. Já o diretor de Negócios de Soja e Algodão da Bayer, Fernando Prudente, enfatizou que a missão da empresa é proporcionar saúde e alimentação para a população. “O programa Aliança da Soja nasceu com o objetivo de compartilhar informações com os nossos agricultores e para nós, da Bayer, que temos em nosso DNA a inovação e a tecnologia, esse fórum é fundamental”, destaca.

Também na cerimônia de abertura, o presidente do Canal Rural, Júlio Cargnino, comemorou a realização do evento em um momento em que começa a ser possível a realização de eventos temáticos após quase dois anos de pandemia, desde que tomados todos os cuidados sanitários e de segurança. “Voltamos a entrar em contato com as pessoas do interior do Brasil, com os produtores. É uma grande alegria podermos voltar a nos encontrar e realizar essas ações. Também é importante porque aqui, juntos com a Aprosoja e a Bayer, podemos levar informação e conhecimento aos produtores rurais de Minas Gerais e gerar conexão, união dos agricultores”, enfatiza.

Segundo ele, quando os produtores estão juntos, mobilizados em uma associação, tudo funciona melhor. “Vemos cada vez mais que o conhecimento, a reflexão e a discussão fluem melhor e com comunicação, conseguimos resolver problemas. Outro importante fator é estarmos na região noroeste de Minas Gerais, o primeiro PIB agropecuário do estado e o sexto maior do Brasil, uma área muito relevante.”

Corredores de transporte

Montenegro, do Findes, destacou aos presentes no fórum e às pessoas que acompanharam o evento pelas redes que o planejamento de logística em todo o mundo moderno é feito por corredores de transporte. “No Brasil, já fizemos planejamento por corredor, mas há um tempo estamos estruturando obras de forma mais isolada e não conseguimos mais enxergar os principais corredores e as principais alternativas com clareza e saber que os investimentos se complementam na formação desses corredores”.

De acordo com ele, um dos corredores mais antigos e importantes está à disposição de Minas Gerais, do produtor de Unaí, que é o Corredor Centro-Leste, que começou a ser feito com a construção do Porto de Tubarão e a Ferrovia Vitória-Minas. “Ao longo do tempo, o planejamento do corredor passou a ficar desencontrado. Os portos do Espirito Santo passaram a perder capacidade competitiva. O Porto de Vitória, por exemplo, é localizado dentro da cidade e passou a ter dificuldade em receber grandes navios, perdeu competitividade, sem possibilidade de investimentos em dragagem. O Porto de Tubarão veio para substituir o de Vitória, mas é dedicado ao minério de ferro, sendo que a soja entrou como um produto adicional. Para se ter ideia, atualmente o Porto de Tubarão oferece uma fila média de 15 dias para os navios de soja, o que é proibitivo dentro de uma logística competitiva, com o comércio globalizado. Não é satisfatório”, afirma.

Segundo Montenegro, outros portos não se desenvolveram no Espírito Santo por falta de uma ferrovia competitiva e os novos, com capacidades de movimentar navios de até 200 mil toneladas, já saíram do papel e estão em obras. “Existem outros portos no Brasil projetados para isso, mas que não têm condições de acesso por questões de capacidade operacional”, contou. “Esse tipo de estrutura já aconteceu com o petróleo e com o ferro e vai acontecer com a soja também porque precisamos fazer uma logística verde do grão e isso só é possível com ferrovias, navios de grande porte e portos competitivos”, considera.

Com exclusividade para o Aliança da Soja, Montenegro mostrou a projeção para 2035 da demanda prevista de cargas do agronegócio para os portos do Espírito Santo: 26,5 milhões de toneladas, segundo estudos encomendados pela Findes.

Biotecnologia e produtividade

Na sequência do fórum, o gerente de Assuntos Regulatórios para Biotecnologia da Bayer Brasil, Guilherme Cruz, fez um panorama da produção da oleaginosa no país. “Nos últimos 40 anos, tivemos um aumento de quase sete vezes na produção da soja, de 685%, enquanto a área plantada cresceu apenas 380%. O que estamos acompanhando desde 1975 é um crescimento médio de produtividade ao ano de 3,5%. Isso é baseado em inovação, tecnologia e conhecimento e a biotecnologia é uma das ferramentas que possibilitaram números tão expressivos”, destaca.

Para ele, a história entre Brasil, soja, Bayer e biotecnologia se confundem. “Somos pioneiros em trazer as primeiras gerações de biotecnologia que trouxeram tolerância aos primeiros herbicidas de amplo espectro e à proteção contra as principais lagartas alvo da cultura. Fizemos parte da estruturação dessa cadeia que vai desde o multiplicador de grãos até as traders.”

Cruz também falou sobre os impactos da biotecnologia na sustentabilidade do plantio da soja. “Nossa plataforma, a Intacta 2Xtend, já possui um inseticida nativo, ou seja, traz de forma inerente uma redução da aplicação de inseticida, que traz com ela benefícios diretos, como menor uso de água, redução de CO2 devido ao uso menos intensivo do maquinário agrícola e que, por sua vez, também traz menos compactação de solo, ou seja, uma série de benefícios diretos”, enfatiza.

Segundo o gerente, o sojicultor já está acostumado com a primeira e a segunda geração de biotecnologia da Bayer. “Estamos entrando em uma era nova com o lançamento da Plataforma Intacta 2Xtend e não pararemos por aí. Oferecer mais opções para o agricultor é o nosso mote. Já estamos trabalhando com o futuro, com a terceira, com a quarta geração. O produtor pode esperar por mais décadas de parceria e inovação.”

Custos da produção da soja

O engenheiro agrônomo Anderson Barbosa Evaristo também participou de um painel do Fórum Aliança da Soja e falou sobre o aumento de preços de dois insumos muito utilizados para a adubação da oleaginosa. “Os insumos mais utilizados da cultura da soja estão mais caros, como todos sabem. Os produtores que compraram nos primeiros meses deste ano, por volta de fevereiro e março, estão mais aliviados do que aqueles que deixaram para comprar no segundo semestre. Fiz uma pesquisa com os produtores e representantes de vendas de insumos da região [noroeste do estado de Minas Gerais] e percebi que, por aqui, houve uma elevação de preços de 110% do MAP e 146% do KCL em relação a agosto do ano passado”, detalha.

Como uma das alternativas para a redução dos custos de produção, Evaristo apontou que se o produtor da região noroeste do estado mineiro substituísse o MAP pelo super fosfato triplo, pensando na adubação fosfatada, conseguiria ter uma economia de R$ 208 por hectare.

Entre o planejamento pré-plantio, o engenheiro citou a necessidade de o produtor fazer a inspeção, a regulagem e a calibração dos pulverizadores para que possa identificar vazamentos, limpeza de todos os filtros e checar os bicos que, muitas vezes, estão desgastados. “Isso faz com que a vazão que ele espera esteja maior, desperdiçando insumos. Estamos em um momento de racionalização e o produtor tem consciência disso. Ainda dá tempo de o produtor fazer todos esses ajustes”, considera.

No último painel do fórum, o engenheiro agrônomo e vice-presidente da Associação dos Produtores Rurais Irrigantes do Noroeste de Minas Gerais (Irriganor), Felipe Silveira, explanou a respeito dos Polos de Agricultura Irrigada, iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) com o objetivo de alavancar a agricultura irrigada a partir de um trabalho conjunto entre as organizações dos produtores rurais irrigantes e as diversas esferas do governo.

“A agricultura irrigada aumenta muito a produtividade, traz estabilidade com menor risco, cria oportunidades de diversificação e agrega valor na produção, além de gerar efetividade na produção escalonada durante o ano inteiro e gerar mais qualidade dos produtos cultivados”, detalha.

Além disso, segundo ele, a agricultura irrigada permite mitigar a necessidade de desmatamento e com maior sequestro de carbono. “Estudos da Esalq/USP mostram que o Brasil tem o potencial de crescer mais de 53 milhões de hectares em agricultura irrigada”, enfatiza.