FOCO CONFIRMADO

RS: 'Era questão de tempo, mas estamos preparados', diz Secretaria da Agricultura sobre gripe aviária

Estado confirmou o primeiro caso na noite de segunda-feira (29)

O Ministério da Agricultura confirmou, na segunda-feira (29), o primeiro foco de gripe aviária no Rio Grande do Sul. O caso foi registrado na Reserva Ecológica do Taim, localizada entre os municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, no Sul do estado. Desde o último dia 24, equipes de monitoramento constaram pelo menos 60 aves mortas ou convalescentes. Foi realizada a coleta de material e as amostras encaminhadas para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas (LFDA-SP), unidade referência da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), que confirmou a doença.

O vírus foi encontrado em uma ave silvestre da espécie Cygnus melancoryphus, conhecida como cisne-de-pescoço-preto, a mesma que foi infectada no Uruguai, em fevereiro, há cerca de 150 quilômetros da fronteira gaúcha. “Já era esperado pela proximidade com aquele país. Então o monitoramento já está reforçado e nada muda com a detecção do caso. Essas aves foram localizadas próximas à Lagoa da Mangueira e já fizemos a varredura em um raio de 10 km. A partir de hoje passamos a monitorar mais para o Sul, com reforço da Polícia Ambiental e uso de helicópteros onde há maior dificuldade de acesso por terra. Era esperado já, era questão de tempo, mas estamos preparados”, destacou a Diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura do RS, Rosane Collares, em entrevista exclusiva ao Canal Rural.

Até o momento foram visitadas 74 propriedades rurais naquela região para investigação clínica e epidemiológica, além de orientações à população da área e sensibilização para a notificação de suspeitas em aves domésticas. Nenhum caso suspeito em aves domésticas foi detectado. Essas ações visam limitar a ocorrência e evitar a disseminação da doença para outras áreas. De janeiro a maio deste ano, foram realizadas 2.295 ações de vigilância ativa no Rio Grande do Sul, com observação de 1,82 milhões de aves. No mesmo período, a Secretaria contabiliza 1.680 ações de educação sanitária sobre a enfermidade, atingindo um público estimado de 949 mil pessoas. “Todas as aves encontradas mortas ou com sinais da enfermidade foram eliminadas conforme o protocolo sanitário que envolve a incineração em vala aberta para tal fim, assim como a queima das roupas usadas pelos agentes durante a coleta. Também é colocada uma tela em cima para que nenhum animal tenha acesso aos restos”, explica Rosane.

Referência em avicultura

O Rio Grande do Sul é o terceiro maior de carne de frango do pais e o quinto maior de ovos. Conforme a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) no ano passado o estado e finalizou com 7% de aumento nas exportações de carne de frango, saltando de 706 mil toneladas embarcadas no ano de 2021 para 755,64 mil toneladas em 2022. As receitas também terminaram com alta, propiciando um faturamento na faixa de US$ 1,51 bilhão no exercício de 2022, uma alta de 28,4% sob os US $1,1 bilhão obtido em 2021. Já nos ovos a alta anual nas exportações foi de 37,8%, saltando de 1,99 mil toneladas para 2,75 mil toneladas em 2022. A receita avançou 95,5%, chegando a US$ 8,9 milhões em 2022.

O presidente executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos, destaca que nenhuma caso de gripe aviária foi registrado na produção comercial e, portanto, não há alteração no status sanitário. As granjas reforçam a biosseguridade. Nenhuma pessoa não-autorizada pode adentrar nos espaços, uso de roupas especiais e nas galinhas criadas no sistema cage-free todas as aves não podem mais ter acesso ao pátio. Os galpões receberam telas que impedem o acesso de aves silvestres aos espaços. “Era esperado e já estamos trabalhando junto com os órgãos públicos e privados no reforço das medidas de sanidade e conscientização. Aprendemos muito com os casos de Influenza Aviária no mundo. É nesse sentido que a gente trabalha, com tranquilidade e muita comunicação”, reforça o dirigente.

Gripe aviária pelo Brasil

Além do caso no Rio Grande do Sul, o país registra outros 12 casos de gripe aviária, sendo nove no Espírito Santo, nos municípios de Marataízes, Cariacica, Vitória, Nova Venécia, Linhares, Itapemirim, Serra e Piúma, e três casos no estado do Rio de Janeiro, em São João da Barra, Cabo Frio e Ilha do Governador. A doença já foi identificada ao todo em seis espécies: Thalasseus acuflavidus (trinta-réis de bando), Sula leucogaster (atobá-pardo), Thalasseus maximus (trinta-réis-real), Sterna hirundo (Trinta-réis-boreal), Megascops choliba (corujinha-do-mato) e Cygnus melancoryphus (cisne-de-pescoço-preto).

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