DIÁLOGOS PELO CLIMA

‘Agricultura precisa ser parte da solução climática’, diz presidente da Embrapa

Para Silvia Massruhá, o Brasil tem chance única de mostrar protagonismo para o mundo durante a COP30

Diálogos pelo Clima, agricultura tropical, Embrapa

Os efeitos das mudanças climáticas já são latentes no campo. Um exemplo é a região Sul, que passou por vários períodos de seca e uma enchente, que devastou o Rio Grande do Sul em 2024. Para a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, eventos extremos — como secas prolongadas, enchentes e furacões em vários países —, são a prova que a emergência climática existe. Neste sentido, segundo ela, a agricultura precisa ser parte da solução.

“Vivemos um momento decisivo para o mundo. Já temos um grau e meio acima do período pré-industrial e sentimos os efeitos das mudanças no clima. Tudo isso mostra que existe uma emergência climática, e nós, que trabalhamos na agricultura, precisamos ser parte da solução”, afirmou.

A fala ocorreu durante a a abertura do Diálogos pelo Clima, circuito promovido pela Embrapa para fomentar o debate público entre governo, ciência, setor produtivo e sociedade civil em torno das mudanças climáticas. Nesta quarta-feira (8), a cidade de São Paulo se transformou em um braço da Mata Atlântica, após o evento percorrer todos os biomas brasileiros em diferentes regiões do país.

Oportunidade única na COP30

O evento ocorre em um momento decisivo para o planeta, que passa por mudanças, e também para o Brasil. Isso porque o país sediará, pela primeira vez, a COP30, em Belém (PA). Na avaliação de Massruhá, a realização da Conferência é essencial para mostrar ao mundo o sucesso da agricultura brasileira. “É uma oportunidade única para mostrar ao mundo como o Brasil produz de forma sustentável, com diferentes sistemas e agriculturas — do açaí ao zebu, dos sistemas agroflorestais à agricultura de baixo carbono”, disse.

Essa também é a percepção de Ana Toni, diretora-executiva da COP30. Segundo ela, “é uma chance de mostrar ao mundo as tecnologias sustentáveis já adotadas pelo setor e reforçar que o Brasil é parte da solução, e não do problema”. Toni destacou ainda que o debate climático não deve ser isolado, mas integrado às dimensões social e econômica.

A presidente da Embrapa também ressaltou o papel da entidade no sucesso da agricultura tropical. Porém, o sucesso não vem só da instituição. De acordo com Massruhá, “ele vem da parceria com os produtores rurais, que trazem as demandas e validam as tecnologias”. Além disso, a colaboração com universidades, órgãos estaduais e o setor privado também reforça o potencial dessa parceria.

“Nosso propósito comum é construir práticas mais sustentáveis, garantindo a segurança alimentar, preservando os recursos naturais e promovendo uma agricultura de baixo carbono”, concluiu.