
A COP30 é uma oportunidade para mostrar a agricultura brasileira “como ela é, sem distorções ou ataques infundados”. A afirmação é do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, enviado especial do agronegócio brasileiro no evento. A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima ocorre entre os dias 10 e 21 de novembro e será sediada por Belém (PA).
Em entrevista ao PC Talks, do Canal Rural, o professor emérito da FGVAgro falou sobre sua experiência de liderança no setor produtivo e os desafios do Brasil para a conferência climática. De acordo com ele, a missão inclui apoiar o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, na implementação de decisões anteriores.
“Sempre me queixei de que a COP resolve muitas coisas, mas pouco acontece na prática. Agora, o objetivo é colocar em prática”, destacou.
Agricultura prepara documento técnico
Rodrigues conta na entrevista é que o setor prepara um documento amplo, que deve ficar pronto até 10 de outubro. A proposta é apresentar como sementes, mecanização, logística e crédito transformaram o campo, sempre com base em ciência e sustentabilidade. Em síntese, o texto vai reunir a evolução da agricultura brasileira nos últimos 50 anos.
O documento também mostrará que o Brasil está disposto a compartilhar sua experiência com outros países tropicais. Segundo Rodrigues, duas condições são fundamentais: financiamento internacional, sobretudo para África, América Latina e Ásia, e regras de comércio mais flexíveis. “Hoje as normas são protecionistas e limitam o avanço dos trópicos”, afirmou.
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Além da COP30: Novos desafios e visão de futuro
O documento também trará temas atuais, como os bioinsumos, agricultura regenerativa, inteligência artificial no campo e a recuperação de 40 milhões de hectares de áreas degradadas. Rodrigues reforça que a produção sustentável já é realidade e que o país pode ampliar sua contribuição.
Além disso, desafios internos como desmatamento ilegal e incêndios criminosos serão abordados. O ex-ministro da Agricultura, no entanto, enfatiza que esses crimes não podem ser atribuídos ao agricultor. “São práticas de criminosos, não do produtor rural. O que queremos é cumprir a lei e produzir de forma sustentável, competitiva e eficiente. Isso não pode ser jogado na conta do agricultor”, disse.
Para Rodrigues, o protagonismo do Brasil é decisivo neste momento de COP30. “O mundo é sacudido por quatro fantasmas: segurança alimentar, transição energética, mudanças climáticas e desigualdade social. A agricultura tropical, liderada pelo Brasil, pode enfrentar esses desafios e garantir paz universal”, conclui.
O PC Talks com a presença do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, vai ao ar no dia 8 de outubro, às 18h, no Canal Rural.