Chuva deve ser mais forte no Sudeste e Centro-Oeste em fevereiro

Para os próximos sete dias, são esperados até 150 milímetros no oeste e sul de Minas Gerais, além de 125 milímetros no norte de São Paulo

Após a semana começar com pouca chuva e calor sobre o Sudeste e Centro- Oeste do Brasil, o padrão de clima muda nos próximos dias e as frentes frias voltam a atuar sobre o Sudeste do Brasil. Inclusive, essa condição de chuvas nas duas regiões deve persistir pelo menos durante a primeira quinzena de fevereiro.

A mudança do padrão de chuvas e sustentação das frentes frias sobre o Sudeste e Centro-Oeste está associada à combinação de diversos fatores, com destaque para a ausência de bloqueio atmosférico no Pacífico Sul, atmosfera mais instável sobre a região tropical do Brasil e, depois do dia 10 de fevereiro, pela primeira vez neste verão, deve ocorrer a instalação de um pulso favorável do Madden&Julian (M&J).

Em sete dias, até o próximo domingo, 7, estima-se acumulado de até 150 milímetros no oeste e sul de Minas Gerais, até 125 milímetros no norte de São Paulo e sudeste de Goiás e de até 90 milímetros em Mato Grosso. Também voltará a chover sobre o Matopiba com acumulado de até 80 milímetros em Tocantins e de até 70 milímetros no oeste da Bahia e sul do Maranhão. Por outro lado, estimam-se menos de 20 milímetros no extremo oeste do Rio Grande do Sul.

Na segunda semana de fevereiro, a previsão do tempo indica até 100 milímetros no sul e oeste de Minas Gerais e 90 milímetros no norte de São Paulo e norte de Mato Grosso. Boa parte do Rio Grande do Sul, por sua vez, receberá menos de 20 milímetros. “Chama a atenção a dificuldade de trabalho de campo no Sudeste e Centro-Oeste. Em Sorriso-MT, por exemplo, a chuva deverá quase paralisar a colheita entre 05 e 14 de fevereiro”, afirma Celso Oliveira, meteorologista da Somar.

No Sul, além do enfraquecimento da chuva, um ciclone extratropical deverá trazer ventos fortes de 80km/h e aumento da agitação marítima entre quinta, 4, e sexta-feira, 5, no extremo sul do Rio Grande do Sul, atrapalhando as atividades no porto de Rio Grande. A temperatura mínima diminui para menos de 10°C nas áreas mais elevadas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina no fim de semana. Em Minas Gerais e Goiás, a temperatura máxima ficará menor do que 25°C.

Como ficou o clima em janeiro?

O mês de janeiro ficou caracterizado pela atuação das frentes frias sobre o Sul do Brasil, onde foram registrados os maiores acumulados de chuvas ao longo do mês. Sem dúvida, o padrão de chuvas observado em janeiro foi atípico e fora do comum para anos de La Niña. Em especial nas últimas duas semanas as frentes frias ficaram bloqueadas sobre o Sul do Brasil e não conseguem avançar até o Sudeste e muito menos sobre o Nordeste, o que seria mais comum nesta época do ano. Isso ocorre porque o sistema de Alta Pressão (Alta da Bolívia), resultado da Convecção da Amazônia, permaneceu ao longo de todo o mês deslocado um pouco mais para sul e oeste, forçando a convergência da umidade tropical sobre os estados do sul do Brasil, que alimentavam as frentes frias que permaneceram atuando entre o Rio Grande do Sul e o Paraná.

Além disso, ao longo do mês de janeiro, se observou a alternância de bloqueios atmosféricos no Pacífico Sul que impediram o avanço das frentes frias para o Sudeste e Nordeste do Brasil. As chuvas abaixo da média no Sudeste, Centro-Oeste e no Nordeste do Brasil, em partes, estão associadas às condições de ventos fracos (atmosfera estável) sobre a região tropical e pulso Maden&Julian desfavorável. Além do que, essa condição de chuvas abaixo da média durante o verão sobre a região tropical do Brasil, ainda refletem os efeitos da fase fria da Oscilação Interdecadal do Pacífico (ODP), cujos impactos são observados desde meados de 2012.

Após a falta de chuva na instalação, o excesso é que preocupa a partir de
agora no Paraná. A expectativa é da chegada de navios aos portos de Paranaguá nos próximos dez dias e ainda não há soja suficiente para carregá-los. Em Mato Grosso, a colheita da soja alcança pouco menos de 5% da área. No ano passado, eram mais de 25% da área colhida. O milho foi semeado em 2% das áreas em 2021 contra mais de 20% no ano passado.