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Comércio bilateral com os argentinos não é prioridade, diz Paulo Guedes

Para a Confederação Nacional da Indústria, enfraquecer o Mercosul é favorecer a China

Paulo Guedes
Fernando Frazão/Agência Brasil

O economista Paulo Guedes, principal assessor econômico do presidente eleito da República, Jair Bolsonaro, pediu desculpas na manhã desta terça-feira, dia 30, pela forma como se dirigiu ao papel da Argentina na política de comércio exterior do futuro governo, mas voltou a afirmar que a prioridade da política econômica será o ajuste fiscal por meio de corte de gasto e não o comércio bilateral com os argentinos.

“O nosso foco, o nosso principal problema são os desequilíbrios internos, o excesso de gasto público. Eu não quis em nenhum momento desmerecer a Argentina, o Mercosul. Eu quis dizer o seguinte: não é minha prioridade. A minha prioridade é o gasto público. Nada contra o Mercosul, nada contra a Argentina. Eu só disse que não é a nossa prioridade. Como eu estava afogado, com muito microfone em cima, disse que não era prioridade”, afirmou Guedes, ainda quando chegou à reunião entre Bolsonaro e seus principais assessores, na casa do empresário Paulo Marinho, na zona sul do Rio.

Após a confirmação da eleição de Bolsonaro no domingo, dia 28, Guedes afirmou que o Mercosul e a Argentina não eram prioridade do futuro governo, ao responder a pergunta de jornalista do jornal El Clarín.

CNI: Enfraquecer Mercosul é favorecer a China

O novo governo do Brasil precisa priorizar e fortalecer o Mercosul, sob pena de favorecer ainda mais as exportações da China. Esse é o alerta feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em nota divulgada nesta terça-feira.

“Se o governo brasileiro não der prioridade ao Mercosul, ou ainda pior, se reduzir a Tarifa Externa Comum de forma unilateral, o único ganhador é a China, que já vem tomando o mercado brasileiro em toda a América do Sul”, diz a nota divulgada pela CNI. “Pequenas e médias empresas, que exportam mais para esses países, serão as mais afetadas.”

A CNI lembra que a Constituição Federal estabelece, em seu artigo 4º, os princípios de atuação do Brasil nas relações internacionais. Entre eles, está a integração econômica dos países da América Latina. Em seu discurso após a divulgação do resultado das urnas, Jair Bolsonaro repetiu que obedecerá à Constituição.

A entidade da indústria defende o fortalecimento do Mercosul e o aprofundamento da agenda de integração regional. “O bloco é um complemento do mercado doméstico brasileiro e é o destino de exportação no qual a indústria tem maior participação”, diz a nota.

Entre as propostas para a área elaboradas pela CNI e entregues aos presidenciáveis durante a campanha eleitoral, é sugerido que o governo trabalhe em quatro áreas fundamentais: estabilidade macroeconômica; livre circulação e integração intrabloco, com inclusão de açúcar e automóveis no livre mercado; política comercial frente a terceiros e agenda externa de acordos; e o aprimoramento institucional do bloco.

“O Mercosul ficou uma década sem avançar na agenda econômica”, diz a CNI. Mas a entidade nota que as negociações foram concretamente retomadas em 2017,com a introdução dos acordos de compras governamentais e facilitação e proteção de investimentos no âmbito do bloco.