Commodities em queda e crise desestimulam tomada de crédito rural

Na avaliação do presidente da Abag, com a gravidade da situação política e econômica do país, demanda por recursos recua

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, avaliou nesta sexta-feira, dia 29, que as incertezas na economia e na política do país, aliadas à queda internacional nos preços das commodities agrícolas, devem reduzir o apetite do setor pelos recursos anunciados ontem pelo governo. “O crédito é essencial para a agricultura, mas, dada a gravidade do momento, a demanda recua”, disse ele.

Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o Conselhão, a presidente Dilma Rousseff anunciou a injeção de R$ 83 bilhões na economia via bancos públicos.

O setor agropecuário terá R$ 10 bilhões em financiamento de pré-custeio para a safra 2016/17, com liberação prevista para os próximos dias pelo Banco do Brasil.

Também ontem, o Conselho Monetário Internacional (CMN) determinou a inclusão dos depósitos à vista de entidades governamentais em bancos públicos na base de cálculo da exigibilidade de recursos destinados à agricultura, a fim de aumentar a oferta de crédito para o setor, estimado em R$ 2 bilhões pelo governo.

Para Corrêa Carvalho, outro aspecto que merece atenção são as condições para a tomada dos recursos. “O dinheiro só será importante se estiver no nível que o setor consiga pagar”, afirmou.

Ele destaca que o aumento dos juros no último Plano Safra desestimulou a busca pelo crédito. “A agricultura tem incertezas todo dia, seja com recursos próprios ou com bancos.”

O presidente da Abag avaliou, ainda, que a reinstalação do Conselhão pode não estar necessariamente ligada a uma tentativa do governo de dialogar com o empresariado e com a sociedade civil. “Acho que é uma estratégia de curto prazo, de combate ao (processo de) impeachment”, comentou.