Agricultura

Dependência de fertilizantes do Brasil é maior que a dos EUA, dizem pesquisadores

A dependência norte-americana de fertilizantes importados é menor do que a brasileira em nitrogênio e fosfato e maior em potássio

A dependência norte-americana de fertilizantes importados é menor do que a brasileira em nitrogênio e fosfato e maior em potássio, segundo o professor Gary Schnitkey, do Farmdoc da Universidade de Illinois, um grupo de economistas agrícolas do Meio-Oeste dos Estados Unidos.

No caso do nitrogênio, os EUA importam 12,5% do que consomem, e o Brasil, 95%.

Para o fosfato, o volume importado pelos EUA é de 9% do consumo, enquanto no Brasil chega a 75%. Já para o potássio, os EUA importam 93% do que consomem, e o Brasil, 91%.

fertilizantes
Fertilizantes. Foto: Daniel Popov/Canal Rural

“Se existir uma ruptura com a Rússia com sanções, isso vai elevar preços nos dois lugares, mas o impacto mais direto com relação a questões de suprimento da Rússia é maior no Brasil do que nos EUA”, disse Schnitkey, em entrevista coletiva, se referindo ao nitrogênio. No caso do fosfato, a situação é similar.

Quanto ao potássio, o Canadá é o maior fornecedor tanto dos EUA quanto do Brasil, e Schnitkey sinalizou que há limites sobre como o país pode aumentar ou redirecionar a sua oferta.

O Ministério da Agricultura vem negociando aumentar as importações do Canadá.

“Preparar-se para produzir mais fertilizantes não é uma coisa rápida a se fazer. Há muitos custos fixos associados com as operações de mineração. Tenho certeza de que o Canadá e outros vão aumentar os níveis de produção, mas outra questão é que a cadeia de suprimentos não está preparada para seguir esse caminho (aumentar o fluxo para o Brasil)”, disse.

“Refazer a cadeia de suprimentos para mudar tão rapidamente, como vimos com o covid-19, não é uma coisa fácil a fazer. (…) O Brasil obviamente vai ter mais oferta, mas não vejo como poderia obter o que era produzido na Rússia.”

Guerra

Para o coordenador do Farmdoc, Scott Irwin, neste cenário de incertezas, não é apenas a escassez de fertilizantes que pesa, mas a infraestrutura e logística também.

Segundo Irwin, antes mesmo da Guerra na Europa, a pandemia da Covid-19 já tinha bagunçado a cadeia de oferta e demanda em decorrência da falta de contêineres. “A guerra deve prolongar esses problemas logísticos; e não apenas na questão dos fertilizantes, mas a produção agrícola também. Neste aspecto, acredito que o Brasil também vai ter mais dificuldades”.