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Dólar tem queda superior a 2%, e fecha no menor valor desde junho

O mercado reflete um forte otimismo de que a eleição nos Estados Unidos já elegeu o candidato do partido Democrata Joe Biden

notas de dólar espalhadas em círculo
Foto: Pixabay

O dólar comercial fechou em forte queda de 2,84% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3880 para venda, no maior recuo diário desde 5 de junho (-2,86%), em meio ao forte otimismo de que a eleição nos Estados Unidos já tem um eleito: o democrata Joe Biden, já que ele segue na frente na apuração de votos em estados importantes como Pensilvânia e Geórgia. Aqui, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, declarou que a agenda de reformas voltará a ser discutida na próxima semana.

“O reforço das expectativas em torno da provável vitória de Biden, após assumir a dianteira em importantes estados do país, renovou o otimismo dos investidores e tirou a força do dólar em nível global”, comenta o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho. O real foi “disparada” a moeda de melhor desempenho entre as emergentes na sessão.

Ele destaca que o resultado melhor que o esperado em outubro do relatório de empregos norte-americano, o payroll, corroborou para o enfraquecimento do dólar na primeira parte dos negócios.

Em semana marcada pela eleição norte-americana, com direito a questionamentos do presidente Donald Trump – que tenta a reeleição – quanto a legalidade da contagem de votos, a moeda teve forte recuo de 6,11%, na maior queda percentual semanal desde junho.

O estrategista-chefe da XP Investimentos, Fernando Ferreira, explica que os mercados reagem com tanto otimismo em cima da provável eleição de Biden porque investidores já haviam reduzido a exposição ao risco antes das eleições. Além disso, há também eleição para o Senado norte-americano.

“Ela é quase ou até mais relevante que a presidência. Como muito provavelmente os Democratas não terão a completa maioria no Senado e na Câmara dos Deputados, a chance de conseguirem aprovar medidas impopulares, como o aumento de impostos, é praticamente eliminada, o que ajuda o mercado”, avalia.

Ainda na sessão, a promessa de Rodrigo Maia em relação à retomada da agenda de reformas já na próxima semana trouxe ainda mais otimismo aos negócios locais. “E contribuiu para que o dólar sustentasse a trajetória de queda até o fechamento”, reforça o analista da Correparti. Segundo o parlamentar, a reforma tributária será votada em dezembro. Perto do fim dos negócios, a divisa norte-americana renovou mínimas sucessivas a R$ 5,3860 (-2,88%), maior queda percentual intraday desde 2 de junho.

Na semana que vem, o mercado seguirá atento ao desfecho da eleição nos Estados Unidos, à espera do “veredicto final”, diz o analista da Toro Investimentos, Lucas Carvalho. “Nem tanto veredicto assim porque o mercado está de olho na judicialização da eleição. Então, tem essa incerteza”, diz.

Ele acrescenta que as notícias vindas de Brasília, a partir do andamento da agenda das reformas administrativa e tributária também estarão no radar do mercado, em semana menos pesada de indicadores econômicos. Para Carvalho, a segunda onda de contaminação da covid-19, apesar de ficar em segundo plano nesta semana, deverá voltar aos holofotes nas próximas com o avanço, principalmente, nos Estados Unidos.