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Especialista teme mais gastos com saúde após revisão de normas do trabalho

De acordo com professor da área de segurança do trabalho, contas públicas podem ser sobrecarregadas com aumento de pedidos de auxílio doença

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Foto: Canal Rural/reprodução

O professor e coordenador do curso de Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Paulista (Unip) de Brasília, Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira, avaliou que mudanças nas normas regulamentadoras de saúde e segurança do trabalho podem acarretar mais acidentes e mais gastos públicos com aposentadorias e auxílios. Ele concorda que o empresariado brasileiro tem custo alto para investir, mas defendeu a manutenção das regras de prevenção e proteção aos trabalhadores dos mais diversos segmentos. O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, vão anunciar uma revisão da legislação no fim da tarde desta terça-feira, dia 30.

“Essa revisão é para pior. Facilita a vida do empresário e aumenta o emprego na área que vai ocasionar mais acidente. Se a revisão enxerga o empregador, vamos diminuir as despesas do empregador. Mas ao liberar esse tipo de trabalho que tem risco ostensivo acaba sobrecarregando a saúde das pessoas e as contas públicas”, destacou Oliveira.

Segundo ele, o INSS recebe três milhões de requerimentos de auxílio doença por ano. “Essas números com as normas que temos hoje. Fica a pergunta: com a revisão das normas, esses números vão diminuir ou aumentar?” Outro dado apresentado pelo especialista é que o governo gasta, anualmente, R$ 4,5 bilhões com novos casos de aposentadoria por invalidez.

Ainda de acordo com o professor, a realidade dos acidentes e doenças de trabalho mudaram ao longo dos anos. “Passou a fase do Brasil agrosilvopastoril, da queimadura, da eletrocução, do machucado. Passou do trauma para a doença crônica, o transtorno mental aumentou. Hoje, trabalhar em banco é mais perigoso que em construção civil, é o que chamamos de transição epidemiológica. Hoje os setores econômicos são limpos do ponto de vista de higiene, mas sujos do ponto de vista mental”, disse.