Agro em Campo

Estádios da Copa do Mundo do Catar contam com grama nativa do Brasil

Espécie brasileira que se destaca pela sustentabilidade permite a irrigação do gramado com água do mar tratada, sendo resistente às altas temperaturas registradas no país

Os principais estádios do mundo contam com gramados impecáveis, e na Copa do Mundo do Catar isso não é diferente. Por lá, a sustentabilidade se estendeu até o gramado e os organizadores do evento escolheram a grama platinum, uma variedade da Paspalum vaginatum, espécie nativa do Brasil que permite a irrigação com água do mar tratada.

Segundo o engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) Patrick Ferreira, a escolha pela espécie se deu também por conta da tolerância a baixa umidade e ao calor elevado do país do Oriente Médio.

 

“Como o Catar conta com um clima mais desértico, sem disponibilidade abundante de água, foi necessário realizar esse processo, que acaba sendo ainda mais sustentável no desenvolvimento da grama. A platinum está sendo utilizada no país por sua tolerância à salinidade, podendo ser irrigada com água do mar quando tratada, devido aos sais dissolvidos não afetarem seu desenvolvimento“, diz o especialista.

Gramados no Brasil

gramado da Copa do Mundo no Catar

Apesar de ser nativa do Brasil, por aqui não há pesquisas sendo desenvolvidas com a variedade. A maioria dos estádios do país contam com a grama bermuda, já que seu alto nível de regeneração acaba sendo ideal para resistir ao inchado calendário do futebol brasileiro, que comporta mais de 60 jogos por temporada.

“As bermudas são espécies recomendadas para campos esportivos de alta performance, sendo extremamente exigente em água, adubação e temperatura. Por conta disso, ela consegue se recuperar muito rápido após um dano. Além disso, tem características ideais como folhas macias e finas, que amortecem a queda do jogador e permitem uma jogabilidade da partida eficiente. O tempo ideal para campos de alta performance é em torno de 5 a 7 dias, com uma frequência de até dois jogos por semana, pois o gramado precisa desse intervalo para conseguir se recuperar e manter suas condições metabólicas e seu processo de desenvolvimento adequado”, avalia Ferreira.

Copa no Catar é oportunidade para agronomia

Para especialistas, a primeira copa a ser disputada no Oriente Médio marca um novo momento para o futebol e até mesmo para a agronomia.

“Eu acredito que será um aprendizado para todos, tanto para quem está fazendo a gestão no Catar, tanto para quem está vendo de fora. Aqui para o Brasil, será algo bem inovador, vamos aprender bastante com esse mundial na questão do manejo do gramado”, afirma o agrônomo. 

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