Agricultura

Estiagem: governo nega medidas de apoio, diz Fetag; ministério alega estar fazendo o possível

Federação diz que vai continuar insistindo junto ao Ministério da Agricultura, porque a agricultura familiar necessita de ajuda

O governo federal não deve atender a maioria das medidas solicitadas pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) para apoiar agricultores e pecuaristas familiares atingidos pela estiagem.

As demandas tinham sido entregues à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, duas semanas atrás. Nesta quinta-feira, 4, secretários do ministério, representantes da Fetag-RS e representantes das regiões afetadas realizaram uma nova reunião. Segundo a federação, eles ouviram uma série de negativas sobre quase tudo o que foi encaminhado.

“Apenas o pedido de participar das discussões para elaboração do próximo Plano Safra foi atendido. Demais itens, como suplementação de recursos para o Pronaf Mais alimentos e o ajuste emergencial da linha de crédito do Pronaf Agroindústrias estão sendo discutidos pela equipe do ministério”, informa a Fetag.

Além disso, pontos que dependiam de aprovação da equipe econômica do governo federal foram negados.  A alegação é de que não existem recursos financeiros para implementação. A entidade havia solicitado, entre outras coisas, rebate no custeio pecuário, reformulação no crédito emergencial com possibilidade de cobertura do Proagro na linha e criação de crédito emergencial.

Fetag diz estar decepcionada com o governo

De acordo com o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, a reunião foi frustrante. “Saímos decepcionados pois quase nada do que pedimos foi atendido. Ouvimos que não há recursos, mas, ao mesmo tempo, o governo tenta anistiar as dívidas dos grandes empresários rurais referentes ao Funrural. Ou seja, o recurso que falta para uns, sobra para outros”.

O secretário de Agricultura Familiar do ministério, Fernando Schwanke, afirma que a pasta vem fazendo o possível para ajudar os agricultores atingidos pelas secas nas safra 2019/2020 e 2020/2021.

Segundo Schwanke, as medidas para mitigar os efeitos da seca foram tomadas em dezembro. Ele menciona a abertura de refinanciamento de empréstimos na temporada 2019/2020 e a possibilidade de produtores atingidos no fim do ano passado tomarem novo financiamento para as mesmas áreas, além do credenciamento de uma armazém no estado para fornecer 3.000 toneladas de milho.

Para o secretário, a maioria das medidas encaminhadas pela Fetag-RS pedem mudanças no crédito. “O rebate do custeio pecuário de custeios passados é uma renúncia de receita grande e que, pela própria situação do país, foi avaliado que não é necessário, nem possível dar um rebate de 30%”, diz.

O presidente da Fetag cobra um olhar diferenciado para a agricultura e para pecuária familiar e afirma que seguirá pressionando o governo em busca de medidas que atendam as necessidades da categoria. “A cobrança tem que seguir até que tenhamos nossas pautas atendidas, pois elas refletem as necessidades do agricultor”.