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'Paralisação da hidrovia Tietê-Paraná afetará custos de produção, que já estão altíssimos', diz Daoud

"Isso serve para a gente repensar nossas ações e investimentos no futuro", observa o comentarista

A notícia de que a hidrovia Tietê-Paraná terá o transporte de cargas suspenso em agosto, conforme adiantou o ministro Tarcísio de Freitas, não é inédita. Entre maio de 2014 e junho de 2016, a hidrovia foi paralisada por causa do volume baixo de água. Durante esses dois anos, 20 milhões de toneladas de grãos deixaram de ser transportados pelos rios da bacia, causando a demissão de 3 mil funcionários. O transporte fluvial, além de ser um modal mais econômico, representa 30% a menos de custo comparado ao transporte por rodovias e também é muito menos poluidor. Um comboio de quatro barcaças conduzido por dois motores equivale a 200 caminhões com 200 motores.

Miguel Daoud comenta os impactos da paralisação para o agronegócio e quais são as alternativas para o Brasil investir em novas matrizes de energia elétrica.

“Essa é uma situação que tem um impacto direto no agronegócio. Teríamos consequências no transporte de parte da carga de vários estados, afetando os custos de produção, que já estão altíssimos. Esse é o impacto direto. O indireto é que se acaba tendo, com essa crise hídrica, o risco de apagão. Esse clima não ocorre há cem anos, não é em função da ação do homem no planeta, ele tem essa sazonalidade em decorrência do solo. Isso vai durar uns dez anos. Quando o ministro Tarcísio coloca que devemos economizar água, significa que a falta de energia, como nós vimos em 2001, acaba penalizando o Brasil com grande impacto no PIB. Estamos vivendo um momento bastante preocupante, que impacta a inflação, que leva à alta de juros — nossa vulnerabilidade fica muito grande. Você ter um modal de transportes, nesse momento, é muito importante”, observa.

“Nós temos que investir em alternativas, como a energia eólica — quando não tem vento, não funciona —, a solar — quando não tem sol… —, mas o investimento básico tem que ser num modal mais abrangente. Hoje, infelizmente, a gente tem uma dependência muito grande da energia hídrica. Só funciona quando tem água. Isso serve pra gente repensar nossas ações no futuro e nossos investimentos”, conclui.