JUROS

Rotativo do cartão de crédito deve acabar, diz presidente do BC

Campos Neto revelou que nos próximos 90 dias, um grupo de trabalho composto pelo Banco Central, governo e bancos apresentará uma solução para eliminar o rotativo

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou nesta quinta-feira (10) que a solução para os altos juros do rotativo do cartão de crédito está se encaminhando para seu fim.

No Senado, Campos Neto revelou que nos próximos 90 dias, um grupo de trabalho composto pelo Banco Central, governo e bancos apresentará uma solução para eliminar a modalidade do rotativo.

A medida propõe que os saldos não pagos sejam automaticamente direcionados para o parcelamento, evitando a acumulação de juros exorbitantes.

“A ideia é que o crédito vá direto para o parcelamento e que seja uma taxa em torno de 9%”, afirmou Campos Neto. A proposta também inclui a criação de uma tarifa adicional para desestimular o parcelamento prolongado.

O Banco Central quer fazer uma queda de juros de forma “estrutural e sustentável”, segundo Campos Neto, segundo qual os juros não são a causa, mas a consequência. Ele respondeu aos senadores que o cheque especial, a partir de um teto e compensações, teve queda de juros de 267% para 130%.

Mas ele reconheceu que o cartão de crédito “é o grande problema”. Houve aumento do número de parcelas, aumento do número de cartões circulantes, que passaram de 200 milhões de unidades, uma inadimplência no rotativo de 52% e taxa de juros em 454%.

Por isso, disse Campos Neto, dentro de 90 dias deverá ser apresentada uma solução no sentido de dar fim ao chamado crédito rotativo, mas parcelamento imediato, ao redor de 9% para quem não pagar a fatura do cartão de crédito.

O presidente do Banco Central também considerou outras opções, como limitar a quantidade de cartões de crédito em circulação, porém, ressalvou que isso poderia prejudicar o setor varejista.

O anúncio de medidas concretas é esperado para as próximas semanas.

Campos Neto também abordou a recente queda da taxa Selic, enfatizando a busca por uma taxa de juros estruturada e destacou que a autonomia do Banco Central tem auxiliado no combate à inflação.

A medida visa alinhar as expectativas de inflação e receitas do governo, contribuindo para a estabilidade econômica do país. Com a possível implementação do fim do rotativo, espera-se uma diminuição significativa na inadimplência e nos juros do cartão de crédito, beneficiando os consumidores brasileiros.