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Tabaco: 76% dos produtores utilizam sistemas de conservação de solo

Para diminuir a erosão e aumentar a produtividade, produtores estão adotando técnicas que recuperam o solo

Na região Sul, 76% dos produtores de tabaco utilizam  sistemas de conservação de solo. Em 2010, eram apenas 34%. A cada safra, as técnicas vêm despertando interesse de mais produtores, já que reduzem o risco de erosão.

Pedro Inácio produz tabaco em Santa Rosa do Sul, em Santa Catarina. Ele conta que o investimento no plantio direto, com cobertura verde e manejo correto do solo trouxeram ótimos resultados para a produção. “Temos uma lavoura de 150 mil pés de fumo. Hoje, 90% já no sistema plantio direto, com uma braquiária ruziziensis. Nós temos aqui a intenção de falar de algumas práticas conservacionistas, que nós temos nesta propriedade. Em primeiro lugar, partindo disso que está bem visível, que é a cobertura de solo com a braquiária e contando aí com alguns produtos, auxiliando no controle de algumas doenças”, disse.

Ele mostra a situação das plantas em crescimento. “Observa-se visível a sanidade destas plantas. Observamos também essa cobertura, além dela estar aqui alimentando e aumentando população de macro e microorganismos que vivem no solo, ela também está se transformando em alimento para essa planta. Esses seres vivos fazem esse processo, transformar isso em alimento para essa planta. Com a existência deles aqui, nós melhoramos as condições químicas, física e biológica do solo. Além disso, nós temos as raízes desta braquiária ruziziensis que ela faz uma filtragem no solo. Ela faz uma drenagem muito especial. No plantio convencional, nós tínhamos uma compactação do solo. Em tempo de chuva, ou nós tínhamos alagamento, em algumas partes, ou nós tínhamos um problema sério de cada vez o solo ficar mais compactado. Porém, este ano, nós temos aí um resultado fantástico de uma chuva, de quase 200 milímetros, em menos 48 horas, nós entramos na lavoura normal. Hoje, nós temos um resultado excelente”, explicou.

Já o agricultor Fábio Viante, da cidade de Teixeira Soares, no Paraná, relata que tinha muitos problemas com erosão e baixa produtividade com o fumo. Ele seguiu as recomendações agronômicas e as boas práticas conservacionistas, o que acabou fazendo a diferença na propriedade. “Durante algumas safras, eu tive problema muito sério com erosão nas minhas áreas e também baixa produtividade. Inclusive, tem uma área aqui que, devido à erosão, chegou a deixar até o trator no meio na estrada. Essa área eu já tinha deixado de usar há quatro anos atrás porque estava perdendo muita terra.  Na conversa com o Gerson, nosso orientador na JTI, a gente resolveu fazer trabalhos de melhoria de solo. Fizemos avaliação, descompactação de solo, uso de pé de pato com três pés, correção com calcário, camaleão alto e largo, com curva de nível com dois por cento de caimento. Semeamos aveia por cima e centeio. Eu percebi com estes trabalhos, o meu problema foi resolvido 100%. Agora, eu posso utilizar essa área com tranquilidade sem medo de destruir meu solo. Eu recomendo a todos os produtores que façam este tipo de melhoria, pois, realmente, ajuda muito” disse Viante.

Segundo o assessor técnico do Sinditabaco, nos últimos anos, o produtor vem abandonando progressivamente as práticas tradicionais de preparo e manejo do solo. Um dos motivos é a evolução dos cultivos de cobertura, com a maior diversificação de espécies, como milheto, braquiárias e nabo forrageiro.

“Os benefícios decorrentes do uso de práticas conservacionistas, em comparação às práticas convencionais, pode ser sintetizado nos seguintes aspectos: primeiro, podemos evitar a degradação do solo, controlando a erosão. Outro aspecto é a proteção dos nossos solos, subtropicais e tropicais, precisam ficar permanentemente protegidos, nunca descobertos. Outro aspecto fundamental é a reestruturação do solo, através das raízes de cultivos de cobertura e também são importantíssimo na formação de biomassa e palhada para o plantio direto e cultivo mínimo. Há também uma redução sensível de mão-de-obra evitando-se lavrações, gradagens, cultivações. no caso do plantio direto, cultivo mínimo. E por último, e não menos importante, nós podemos ressaltar que é um avanço tecnológico, perfeitamente alinhado com os princípios fundamentais da sustentabilidade e essa tem sido uma prioridade e uma preocupação permanente da cadeia produtiva do tabaco”, disse o assessor técnico do Sinditabaco e agrônomo Darci José da Silva.

O presidente do Sinditabaco,  Iro Schünke, explica que o uso de boas práticas conservacionistas tem crescido a cada ano, graça ao trabalho das equipes de campo das empresas associadas ao sindicato. “O Brasil é segundo maior produtor e o maior exportador de tabaco do mundo há mais de 20 anos. E ele conseguiu esse patamar  devido à qualidade e integridade do produto e também devido à produção sustentável. Dentro da sustentabilidade é que estão as ações de responsabilidade social e preservação ambiental. A conservação do solo está inserida neste contexto. Por várias décadas,  os orientadores das empresas, através do sistema integrado, têm levado aos produtores as melhores recomendações. Os produtores têm adotado boas práticas agrícolas que tem feito com que o resultado que temos alcançado na preservação e conservação do solo tem sido cada vez melhor. Isso é muito importante para o produtor também porque com isso ele consegue fazer melhores produções. Ele consegue melhor preservar, inclusive, aumentar a valorização das suas propriedades”, disse.