IMPACTO

Após um mês de tarifaço, indústria da madeira acumula 4 mil demissões

Setor diz que, se não houver avanços nas negociações entre Brasil e EUA, haverá perda de mais 4,5 mil postos de trabalho

Freepik
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Pouco mais de um mês após o início da taxação de 50% sobre as exportações brasileiras de madeira pelos Estados Unidos, o setor tem enfrentado efeitos da medida. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), desde julho, quando foi anunciado o tarifaço, até setembro 4 mil trabalhadores foram demitidos, cerca de 5,5 mil estão em férias coletivas e outros 1,1 mil em regime de layoff ( suspensão temporária do contrato de trabalho).

O setor ficou de fora da lista de exceções anunciada pelo governo de Donald Trump e foi um doa primeiros a adotar cortes de postos de trabalho e férias coletivas. Sem perspectivas de um acordo de curto prazo entre Brasil e EUA que alivie o tarifaço, a Abimci estima que mais de 4,5 mil novas demissões poderão ocorrer nos próximos dois meses.

Segundo a entidade, em agosto houve queda entre 35% e 50% nos embarques de alguns dos principais produtos de madeira processada destinados ao mercado norte-americano.

Em 2024, o setor exportou US$ 1,6 bilhão em produtos de madeira para os Estados Unidos, destino que responde, em média, por 50% da produção nacional. Em alguns segmentos, a dependência é ainda maior: 100% das vendas são destinadas exclusivamente ao mercado norte-americano. Atualmente, o setor gera 180 mil empregos formais, segundo a associação.

A Abimci defende maior empenho do governo brasileiro nas negociações com os Estados Unidos.

“No nosso entendimento, a única solução é a negociação direta entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos para uma adequação das tarifas e o restabelecimento do comércio bilateral. Essa competência é exclusiva do governo federal que, até o momento, não foi exercida com o necessário bom senso. Enquanto isso, nossos governantes assistem, de forma passiva, milhares de trabalhadores perderem sua fonte de renda. A nós resta testemunhar, com consternação, a desestruturação de cadeias produtivas inteiras, consolidadas há anos, que sustentam inúmeras famílias em diferentes regiões do país”, afirma a entidade em nota.