Economia

'Com economia mundial já frágil, coronavírus é mais um elemento de risco'

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a doença pode impactar empresas de commodities, assim como o dólar e a bolsa no curto prazo, além de aumentar a incerteza

coronavírus, China
Especialista afirma que tamanho do impacto do coronavírus vai depender da contenção da doença. Foto: Xiong Qi/ Xinhua

O avanço do coronavírus na China aumenta as incertezas nos mercados e prejudica a retomada do crescimento econômico em um ano iniciado de modo turbulento, diz o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale. “O receio agora é que a economia mundial já está frágil e o coronavírus é mais um elemento de risco”, afirma.

O especialista relembra que o ano mal começou e o mundo já presenciou uma crise entre Irã e Estados Unidos, criando a possibilidade de um conflito mais grave e aumentando a pressão no Oriente Médio. “Agora o coronavírus. Isso aumenta a incerteza em nível mundial e afeta os preços dos ativos. Dados os riscos que já temos, os efeitos do Brexit, a eleição americana no segundo semestre, a situação da economia da América Latina depois de tantas convulsões no ano passado, a Austrália com queimadas muito intensas, o início de ano não está tranquilo. Para os ativos em geral, para as bolsas, é bastante ruim, traz mais volatilidade e a taxa de crescimento da economia tende a ser menor. Quão menor vai depender de como o coronavírus evolui”, explica.

O tamanho do impacto na economia, porém, ainda depende da evolução do caso, acrescenta Vale. Ele lembra que, em 2003, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) retirou entre 0,1 e 0,5 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. “O câmbio e a bolsa acabam sendo afetados mais no curto prazo. No médio prazo, vai depender da severidade da doença. Como estamos falando principalmente de China, é natural que empresas de commodities sejam afetadas. O tamanho do impacto depende de se conter a doença, o que é imprevisível. Os mercados não gostam de coisas imprevisíveis”, comenta.

Para ele, uma doença como essa pode travar viagens internacionais, negociações e expectativas de crescimento. “A China é um país muito importante e está sendo muito afetada durante o ano-novo chinês, o que tem um efeito importante na economia do país. Ainda não sabemos qual a gravidade da epidemia, se vai ser parecida com a da Sars de 2003. Como está tudo muito incipiente, o clima é de incerteza”, diz.