
A União Europeia anunciou nesta quarta-feira (9) que irá impor tarifas recíprocas contra os Estados Unidos a partir de 15 de abril, em resposta às medidas protecionistas norte-americanas. A China anunciou que irá aplicar uma taxa adicional de 50% sobre as importações dos EUA, igualando os 50% extras que Donald Trump havia imposto para retaliar uma medida anterior da China. O novo capítulo da guerra comercial entre potências deve provocar efeitos em cadeia no mercado global, e o agronegócio brasileiro acompanha os desdobramentos com atenção.
Para analisar os impactos dessas tensões tarifárias sobre a economia mundial e o Brasil, o telejornal Mercado & Companhia ouviu o comentarista Miguel Daoud e o economista Sillas Cezar, doutor pela Unicamp.
Guerra comercial e os efeitos no campo
Sillas pediu prudência e calma aos produtores. O modelo econômico na cabeça do Trump se parece com o modelo mercantilista do século 19 e isso está ultrapassado. A gente precisa esperar os desdobramentos desta história para conseguir tomar uma decisão mais pé no chão”, concluiu Cezar.
Durante a entrevista, ele destacou que, neste primeiro momento, o Brasil pode se beneficiar negociando, principalmente commodities, mas a longo prazo, o cenário ainda é imprevisível.
“Ainda que num curto prazo o conflito representa ganhos ao Brasil (transferência de demanda), ninguém sabe o que vai acontecer lá na frente. Essa incerteza paralisa os players e esse é o grande problema do cenário atual”, afirmou.
Já Miguel Daoud alertou que o ambiente internacional, somado a juros altos, inflação e queda no crescimento pioram a situação. Ele lembrou que, apesar do Brasil poder se beneficiar num primeiro momento do atual cenário, as circunstâncias devem derrubar o preço das commodities agrícolas.
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Governo Lula
Questionado sobre a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que o Brasil está bem preparado para lidar com a guerra comercial devido à reserva cambial robusta, o professor Cezar ponderou: “É verdade que temos reservas consideráveis, mas isso não nos torna imunes. O ideal seria uma política externa ativa, que busque acordos e estabilidade”.
Outro ponto abordado foi a desvalorização do yuan, a moeda chinesa, que chegou a 7,35 por dólar — o pior desempenho em 17 anos.