Economia

Dólar fecha em alta e renova máxima histórica; veja motivos

O real foi a moeda emergente que mais se desvalorizou na sessão reagindo ainda à fala do diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Fabio Kanczuk, de que "não há um nível para o câmbio"

Dólar
Foto: Pixabay

O dólar comercial fechou em alta de 0,66% no mercado à vista, cotado a R$ 4,3600 para venda, renovando a máxima histórica de fechamento de 12 de fevereiro quando alcançou R$ 4,352, influenciado pelo forte movimento de aversão ao risco que prevaleceu nos mercados em meio à percepção de que a economia da China e global deverá mesmo ser afetada em função do coronavírus no primeiro trimestre do ano.  

O gerente de mesa de câmbio, Guilherme Esquelbek, destaca o fortalecimento da moeda norte-americana frente às principais moedas pares e de países emergentes ao longo do pregão em meio ao aumento da preocupação do mercado com os efeitos do coronavírus nas cadeias produtivas, como as de tecnologia. 

“Isso após a [companhia norte-americana] Apple cortar as perspectivas de vendas e comunicar que as fábricas estão retornando suas produções em ritmo mais lento que o esperado, e alertar que não vai conseguir cumprir as suas metas”, ressalta.  

Esquelbek acrescenta que o real foi a moeda emergente que mais se desvalorizou na sessão reagindo ainda à fala do diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Fabio Kanczuk, de que “não há um nível para o câmbio”. Na reta final dos negócios, o presidente Jair Bolsonaro declarou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, “não pediu para sair” e continuará no governo “até o último dia”. 

A fala de Bolsonaro, durante a cerimônia de posse dos novos ministros da Casa Civil, Braga Netto, e da Cidadania, Onyx Lorenzoni, teve repercussão pontual no mercado no qual a moeda estrangeira acelerou os ganhos e renovou máximas sucessivas a R$ 4,362 (+0,71%). 

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, ressalta,porém, o fortalecimento do dólar no exterior também na reta final dos negócios, em meio aos desdobramentos do surto do coronavírus na China que leva companhias a falarem em revisão de números nos três primeiros meses do ano e o mercado a avaliar a atividade do país asiático e global.  

“Se a Apple, uma gigante, reclamou, a questão não é apenas a demanda, mas também a produção reprimida na China e os efeitos disso”, diz a economista. 

Para esta quarta, 19, Camila chama a atenção ainda para os efeitos do coronavírus, assunto no qual deverá constar na ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). O assunto não foi citado no comunicado de decisão de política monetária, porém, foi abordado na coletiva de imprensa do presidente Jerome Powell após da divulgação do documento, em 29 de janeiro. “A ata do Fed depende da ponderação que eles vão dar ao assunto”, diz.