Pacheco diz que desoneração não será a causa de eventual descumprimento da meta fiscal

Ministro da Fazenda apresentou MP que acaba com benefício, mas líderes partidários querem que presidente do Senado devolva medida sem que seja votada

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil


O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta terça-feira (9) que manter a desoneração da folha de pagamentos para 17 setores não será a causa de eventual descumprimento da meta de zerar o déficit das contas públicas este ano.

A declaração do senador foi dada após ele ser questionado sobre fala do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, sobre o assunto. O integrante da equipe econômica disse que, caso a medida provisória (MP) que acaba com a desoneração seja devolvida pelo Congresso, o governo pode mudar a meta fiscal.

“Eu acho que não será por isso (eventual mudança ou descumprimento da meta). Primeiro, temos que ter clareza sobre o impacto orçamentário e financeiro dessas desonerações”, disse Pacheco, em coletiva de imprensa, no Senado.

Após o Congresso ter derrubado o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prorrogação da desoneração da folha, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou, no fim de dezembro, uma MP que acaba com o benefício. Mas líderes partidários querem que Pacheco devolva a medida sem que ela seja votada.

Pacheco lembrou que o Congresso também derrubou o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro à prorrogação da desoneração e que, na época, o cálculo do impacto era de R$ 6 bilhões. De acordo com o parlamentar, a Consultoria do Senado calcula o impacto de R$ 8 bilhões em 2023.

“Seguramente, não será por isso que não se cumprirá a meta, até porque temos outras alternativas, tanto de arrecadação, quanto de corte de gastos públicos que podem manter essa desoneração, que era o que sustentava a geração de empregos”, emendou Pacheco.

Haddad estabeleceu a meta de zerar o rombo das contas públicas em 2024, mas esse objetivo enfrenta o ceticismo do mercado e a oposição de uma ala do PT, liderada pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, que quer aumentar o gasto público.

No ano passado, o chefe da equipe econômica conseguiu, após intensas negociações, que incluíram cargos no governo e emendas, aprovar no Congresso uma série de medidas que elevam a arrecadação federal com o objetivo de zerar o déficit.

Dentre elas, o retorno do voto de desempate a favor do governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), a taxação de fundos de alta renda, a tributação das apostas esportivas e a MP que limitou a capacidade de empresas abaterem as subvenções estaduais do ICMS do pagamento de impostos federais.