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Reformas devem ser retomadas após pandemia, diz presidente do BC

Roberto Campos Neto destacou que neste momento o importante são medidas que deem liquidez à economia brasileira

O economista Roberto de Oliveira Campos Neto, indicado pela Presidência da República para o cargo de presidente do Banco Central, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
 Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 8, deve haver uma interrupção na agenda de reformas durante a adoção de medidas para o combate à pandemia do novo coronavírus, mas disse acreditar no retorno após a crise. “No momento, o importante é criar condições de liquidez”, definiu.

Segundo Campos Neto, a autoridade monetária não entra na discussão entre as medidas necessárias para conter a pandemia do novo coronavírus e os impactos econômicos decorrentes dessas medidas. “Isso é uma decisão das autoridades competentes. Nós não entramos nessa questão das escolhas”, afirmou, em conversa virtual organizada pelo Credit Suisse.

Questionado sobre o impacto da crise no Produto Interno Bruto (PIB), Campos Neto avaliou que isso ainda depende muito de quanto vai durar o isolamento social. “A crise é muito difícil de ser quantificada. Conseguimos detectar com alguma antecedência o impacto no setor de serviços. E há ainda um medo grande do vírus. Vai haver crescimento negativo, é quase certo isso”, completou.

Para o presidente do BC, as economias mundiais devem se fechar mais depois da pandemia. Por outro lado, ele citou o dinheiro investido em pesquisas contra o novo coronavírus. “Algumas pessoas acham que pode haver segunda onda de contaminação.”

Investidores receosos

Campos Neto avaliou que a saída de investimentos de mercados emergentes na crise atual é dez vezes maior do que a observada na crise de 2008. “Em um mundo de calmaria, os investidores tendem a menosprezar um pouco o risco. Agora, quando há estresse grande, há grande procura dos investidores por segurança em países do primeiro mundo”, analisou. E completou: “É difícil imaginar que medidas adotadas para receptor de recursos são as mesmas para o doador.”