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Retomada 21/22: São Paulo apresenta plano para atrair investimentos

Para o agronegócio, governo aposta em fomentar a indústria de alimentos e insumos, além de aumentar o leque de produtos oferecidos

O governo do estado de São Paulo apresentou nesta segunda-feira, 8, detalhes do plano Retomada 21/22. De acordo com o presidente da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Investe SP), Wilson Mello, foram estabelecidas estratégias para enfrentar a crise econômica causada pela pandemia da Covid-19 e atrair investimentos.

Durante webinar para falar sobre o plano, Mello destacou que o Produto Interno Bruto (PIB) de São Paulo vinha crescendo mais do que a média brasileira. Em 2019, enquanto a economia do país cresceu 1,1%, o estado avançou 2,5%. Além disso, no ano passado, o estado registrou uma queda menor no auge da pandemia e apresentou recuperação antes dos demais estados.

Segundo o presidente da Investe SP, o estado é bastante atraente para investidores preocupados com sustentabilidade, pois o desmatamento ilegal foi zerado e o governo vem fomentando a recomposição de florestas e estimulando o uso de fontes limpas de energia.

Retomada 21/22 e o agronegócio

Mello afirma que um dos focos da secretaria de Agricultura, comandada por Gustavo Junqueira, é desenvolver outras culturas no estado, que já é muito forte na produção de açúcar, etanol e suco de laranja. “Também é um produtor importante de café, frutas, hortaliças e amendoim. Essa diversificação tem sido o foco”, diz.

Para ele, a gestão atual está deixando a visão tradicional e apostando na modernização. “Buscando retomar a indústria do agronegócio e de alimentos, tratando a cadeia do campo até o varejo”.

Questionado sobre o aumento na alíquota de ICMS sobre produtos no território paulista, o presidente da Investe SP reforçou que o movimento foi feito junto da reforma administrativa, que deve reduzir o tamanho da máquina pública no estado, com a extinção de empresas públicas e programas de demissão voluntária.

Ele lembra que parte dos decretos publicados foram alterados ou revogados para corrigir distorções notadas após conversas com setores. No começo de janeiro, a agropecuária paulista tomou ruas e avenidas do estado em tratoraço contra a decisão do governo, o que fez João Doria voltar atrás em alguns pontos.

Mas alguns setores continuam com alíquotas de ICMS mais altas, como é o caso do leite pasteurizado e das carnes. Sobre isso, Mello garante que o governo continua aberto ao diálogo. “Para que a gente possa, dentro da nossa disponibilidade, fazer alterações”, diz.

Ele reforça, ainda, que a medida foi tomada para equilibrar as contas do estado, garantindo os pagamentos em dia, e que a redução nos benefícios fiscais é transitória. A ideia é que as alíquotas retornem aos patamares anteriores em 2023.

Presença em outros países

O governo de João Doria abriu escritórios em Xangai, na China, e em Dubai, nos Emirados Árabes, para ter um contato mais direto com possíveis investidores. Por conta da pandemia, por enquanto, as autoridades estão impedidas de fazerem reuniões físicas, mas o trabalho de divulgação do estado não parou. A Investe SP tem realizado reuniões virtuais para apresentar as oportunidades de investimento. “Estamos muito confiantes da estratégia de internacionalização”, diz.

Mello conta que os escritórios também foram muito importantes para dialogar com os governos das outras nações e garantir os insumos necessários para a produção e aplicação das vacinas contra o novo coronavírus.

Agora, o objetivo é abrir um escritório em Munique, na Alemanha, para também aproximar o governo dos investidores europeus. A pressão da Europa por sustentabilidade pode beneficiar o estado. “Eles vão precisar de bons projetos após a pandemia. Teremos grande liquidez no mercado mundial e estamos posicionados para mostrar aos investidores as oportunidades em um estado que respeita o meio ambiente”, frisa.

Menos público, mais privado

O governo de João Doria pretende avançar com as concessões públicas para diminuir o tamanho do estado e acelerar o desenvolvimento de setores estratégicos. Segundo Mello, há 19 projetos na carteira da Investe SP, a maioria nas áreas de mobilidade, rodovias e segurança.

Entre os grandes projetos citados, um trem que vai ligar a cidade de São Paulo a Campinas, percorrendo 100 quilômetros e atendendo cerca de 565 mil passageiros por dia. A iniciativa deve atrair US$ 1,4 bilhão para o estado. Posteriormente, o trem intercidades chegaria também até Americana, Santos e São José dos Campos.

O governo também deve abrir concessões na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), parques, zoológico, jardim botânico e complexo do Ibirapuera.

“Não conseguimos, sozinhos, trabalhar para o desenvolvimento sustentável. Precisamos de todo o apoio”, diz.

O Retomada 21/22 também prevê a criação de 2 milhões de vagas de emprego. Para isso, a aposta principal é o setor de varejo, que tem uma grande capacidade de gerar novas vagas. O governo paulista deve trabalhar na simplificação tributária para exigir menos dos departamentos fiscais das empresas, abrindo espaço para investimentos.