LEILÃO

TCU retoma julgamento sobre modelo de concessão do Tecon 10, megaterminal do Porto de Santos

Tribunal definirá quem são as empresas que poderão ou não participar do leilão

Porto de Santos
Foto: Divulgação

O TCU (Tribunal de Contas da União) retoma nesta segunda-feira (8) o julgamento que vai definir o modelo de competitividade do leilão do Tecon 10, o megaterminal de contêineres do Porto de Santos (SP). A decisão é considerada crucial para a formatação final do edital e é acompanhada de perto por empresas do setor portuário, associações empresariais, governo federal e até embaixadas europeias. O tema seria analisado em 18 de novembro, mas o ministro Augusto Nardes pediu adiamento para avaliar melhor as propostas apresentadas pelo relator Antonio Anastasia e pelo revisor Bruno Dantas.

Terminal estratégico para ampliar capacidade de Santos

Tratado como peça-chave para a expansão da capacidade de contêineres no maior porto da América Latina, o Tecon 10 terá uma área de 622 mil m², quatro berços de atracação e capacidade estimada de 3,5 milhões de TEUs por ano. O governo trabalha para levar o leilão ao mercado em 2026, mas o modelo a ser aprovado pelo TCU definirá quem poderá ou não participar da disputa.

A Antaq propõe um modelo com duas fases, em que empresas que já operam terminais de contêineres em Santos ficam impedidas de participar da primeira etapa. A agência afirma que essa regra aumenta a competitividade, evita concentração econômica e estimula a entrada de novos operadores. Pareceres jurídicos citados pelo órgão afirmam que a modelagem está alinhada aos princípios de isonomia, proporcionalidade e livre concorrência previstos na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB).

Pressões e divergências no governo

O interesse privado é elevado devido à dimensão e à relevância estratégica do projeto. As discussões, porém, revelam divergências técnicas dentro do próprio governo. A Seae (Subsecretaria de Acompanhamento Econômico e Regulação) do Ministério da Fazenda e áreas técnicas do TCU haviam defendido um leilão em fase única com cláusula de desinvestimento, alternativa que permitiria a participação plena de grupos já atuantes no porto.

Já o Ministério de Portos e Aeroportos apoia o modelo da Antaq, entendendo que ele gera maior pluralidade de operadores e reduz riscos de verticalização.

Disputa entre modelos: fase única ou duas etapas?

O debate se intensificou na última sessão extraordinária do TCU. O relator, Antonio Anastasia, defendeu uma licitação em fase única, aberta a todos os grupos , inclusive armadores que já controlam terminais em Santos, desde que assumam compromisso de desinvestir em ativos paralelos caso vençam o certame. A proposta favorece players como Maersk, MSC, CMA CGM e DP World, todos interessados no novo terminal. Para parte do mercado, esse modelo poderia inclusive abrir caminho para uma reorganização societária no BTP, terminal hoje operado por Maersk e MSC.

O ministro Bruno Dantas, responsável pelo voto revisor, apresentou posição oposta e defendeu a manutenção do modelo original da Antaq, com duas fases de concorrência. No desenho sugerido por Dantas, armadores ficariam fora da primeira etapa para evitar concentração e restringir a verticalização no porto. Ele argumenta que permitir que empresas de navegação operem o terminal pode limitar o acesso de concorrentes e criar barreiras para novas linhas marítimas.

Dantas também afirmou que não há ilegalidade na modelagem proposta pela agência reguladora, o que, segundo ele, impediria o TCU de substituir o modelo técnico elaborado pela Antaq.