CHÁ ARTESANAL

Formalização leva chá artesanal do Vale do Ribeira ao mercado global

Sítio Shimada investe na formalização e inovação dos chás, tornando-se referência no mercado nacional e internacional

mulher segurando um cálice de chá
Teresinha Shimada, produtora de chá artesanal no Sítio Shimada. Foto: Divulgação: Canal Rural

Em Registro, cidade do Vale do Ribeira, interior de São Paulo,  um exemplo de empreendedorismo rural vem chamando a atenção. 

O Sítio Shimada, tradicional produtor de chá artesanal, é a prova viva de que a formalização pode ser um divisor de águas para pequenos agricultores. 

Com o CNPJ em mãos e o negócio legalizado, a família conquistou novos mercados — inclusive fora do Brasil. O chá teve uma participação significativa na economia local entre as décadas de 70 e 80. 

No entanto, começou a perder seu espaço na produção das mudas de chá na década de 90. A competição com mercados estrangeiros, como a Argentina, foi um fator decisivo.

A importância da formalização para o crescimento do negócio

Ume Shimada, empreendedora nata, quis manter a tradição:  inaugurou a ‘Fábrica Artesanal de Chá Preto’ aos 87 anos, em 2014, em um terreno que ela herdou dos pais – onde a família já havia trabalhado também com plantação de lichia e café, e com criação de bicho da seda.

“Naquela época, as empresas já não estavam mais comprando nosso chá. A única solução foi fazer a nossa própria minifábrica para processar o chá internamente”, conta Teresinha Shimada, agricultora e filha de Ume. 

Mesmo com a fábrica em funcionamento, faltava a parte mais importante: a legalização do negócio. Foi então que a família procurou o Sebrae/SP. A instituição oferece diversos cursos sobre empreendedorismo e negócios.

“Depois que fizemos os cursos do Sebrae, conseguimos compreender que ter o negócio legalizado era essencial para o crescimento e a expansão da nossa atividade”, relembra a empreendedora. 

Mulher em meio a plantação de chás
Teresinha Shimada em sua propriedade, em Registro, São Paulo. Foto: Divulgação: Canal Rural

Novos negócios no Brasil

Em paralelo a essa trajetória, um levantamento recente do Sebrae revelou uma forte alta na abertura de pequenos negócios no Brasil. 

Nos primeiros três meses de 2025, foram registrados 1.407.010 novos CNPJs no país, com destaque para os microempreendedores individuais (MEIs), que representaram 78% do total.

O crescimento de MEIs no Brasil foi significativo, com um aumento de 35% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024.

O crescimento também foi notável entre as micro e pequenas empresas, que tiveram uma alta de 28%.

Entre as regiões, o Sudeste, Sul e Nordeste lideraram na abertura de pequenos negócios, com São Paulo (28,6%), Minas Gerais (10,9%) e Rio de Janeiro (7,8%) se destacando. 

No entanto, estados como Ceará, Piauí e Amazonas mostraram o maior avanço, com registros de novos empreendimentos crescendo mais de 50% em comparação ao primeiro trimestre de 2024. 

Além disso, o setor de serviços foi o que mais se destacou, com 63,7% de novos negócios, seguido por comércio (20,8%) e indústria da transformação (7,6%).

Para  Michelle Santos, gerente regional do Sebrae/SP, no Vale do Ribeira, a formalização de um negócio traz inúmeros benefícios para o empreendedor. 

“O principal deles é contar com os benefícios da Previdência. Então, um empreendedor formalizado, ele tem um CNPJ e ele passa a contar com um auxílio doença, afastamento, o que ele precisar. Ele contribui para aposentadoria e também tem a parte de mercado que é mais aceito como um negócio em compras coletivas, por exemplo”, explica.

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Inovações e a visão para o futuro

A busca por inovação continua sendo uma prioridade para o Sítio Shimada. A família está investindo em novos produtos, como cerveja feita com chá defumado e até um chá gaseificado. 

“A formalização nos deu a segurança para ousar e explorar novas ideias e produtos. Hoje, temos uma visão mais ampla e estamos sempre em busca de novas possibilidades”, afirma Teresinha.

Esse processo de legalização não apenas transformou a vida da família Shimada, mas também está inspirando outros produtores rurais a seguirem o mesmo caminho. 

“A nossa história tem mostrado a outros agricultores que é possível mudar a realidade de suas propriedades. Muitos estão se organizando e criando suas próprias minifábricas, diversificando seus produtos. A formalização é um passo essencial para o crescimento de qualquer negócio rural”, afirma Teresinha, que observa com entusiasmo o movimento de outros pequenos empreendedores.

O Sítio Shimada é um exemplo de como a formalização pode gerar inúmeros benefícios. Teresinha, que está à frente do negócio na terceira geração, confia que o caminho da formalização será a chave para um futuro promissor.

“Nosso objetivo é continuar expandindo, com a nossa empresa estruturada e reconhecida. Acredito que a quarta geração estará aqui para continuar essa missão”, afirma com convicção.