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Adidos internacionais discutem potencial do agro brasileiro

O encontro contou com representantes da União Europeia, Ásia, Árabia Saudita e África do Sul

Representantes da União Europeia, Ásia, Arábia Saudita e África do Sul participaram nesta terça-feira, 27, de um encontro para discutir o cenário das exportações brasileiras. São 24 pessoas espalhadas pelo mundo com a carreira de adido agrícola, criada em 2008 para facilitar o acesso ao mercado internacional de produtos do agronegócio brasileiro.

A União Européia (UE), por exemplo,  é o segundo maior importador de produtos agrícolas do Brasil, apenas atrás da China, com US$ 140 bilhões anuais. Em relação ao Brasil, 38% das exportações é de soja, 19% de carne, 9% de suco, 6% de fumo e 5,5% de frutas.

Segundo o adido agrícola na UE, Bernardo Todeschini, é de extrema importância, nesse momento, respeitar o pacto verde europeu estabelecido em 2019. “Essa política tem uma série de pilares e eu destaco alguns que são extremamente importantes para o Brasil, como a questão da energia renovável e a questão da neutralidade climática que tem como objetivo atingir a União Europeia, uma União Europeia neutra climaticamente em 2050, com reduções que podem chegar a 55% da emissão já em 2030”, relata.

O adido agrícola dos Estados Unidos, Filipe Guerra Sathler, explica que o país norte-americano é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Cerca  de 56% de toda a exportação brasileira para os americanos se resumem em dois itens: café e produtos florestais, como madeira. “Os Estados Unidos são um mercado muito aberto e que o Brasil não teria muitas dificuldades do ponto de vista fitossanitário”, conclui.

Já a Arábia Saudita, principal parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio, compra o equivalente a U$ 2 bilhões por ano em produtos agrícolas, sendo os principais carne bovina e de frango, açúcar, soja, milho e produtos florestais.

O adido na Árabia, Marcelo Moreira Pinto, afirma que o país está buscando novos interesses em pescados, lácteos e carne de ovinos. “Desde 2018 nós conseguimos abrir novos mercados, como por exemplo o de bovinos vivos, material genético bovino e agrícola, castanhas, forragens. Enfim, alguns a gente já consegue observar um aumento de fluxo significativo, outros nem tanto, mas é um serviço contínuo que a gente vem fazendo por aqui. Em relação à Arábia Saudita, nós estamos tentando aumentar o mercado de pescados. As cooperativas que tiverem interesse, terão uma nova alternativa de exportação. Também focamos no mercado de lácteos e de carne de ovinos”, diz Marcelo.

Entretanto, países como a África do Sul apresentam uma política mais protecionista, ou seja, há maior dificuldade na entrada de produtos internacionais, explica o representante do país africano, Jesulino Nery.

Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) Marcos Fava Neves, os adidos precisam desenvolver os mercados na Ásia, porque lá estará o maior mercado consumidor no futuro, com 80% dos 9 bilhões de habitantes do planeta em 2050. “Eu pergunto aqui para os líderes do agro paranaenses: Bangladesh é importante para o Brasil? Talvez vocês  respondam que não. Pois bem, Bangladesh esse ano aumentou as importações do agro do Brasil em R$ 1,5 bilhão. Então, nós temos que fincar bandeira nesses mercados, até para a gente diminuir a nossa dependência percentual da China”, diz o professor da USP.