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Algodão: clientes internacionais pedem adiamento de entregas, diz Cepea

Enquanto isso, do lado da oferta, agentes tentam cumprir ao máximo com os contratos para aproveitar os preços em dólar

O Brasil exportou mais de um milhão de toneladas de algodão entre abril de 2019 e março de 2020, recorde para o período, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). “Estamos produzindo praticamente 2,9 milhões de toneladas [por ano], com consumo na casa de 700 mil toneladas. Então não tem outra alternativa a não ser exportar”, comenta o pesquisador Lucílio Alves.

Porém, em meio à pandemia de coronavírus, clientes chineses estão solicitando o adiamento de entregas. “O problema é que o têxtil, de forma geral, é um dos segmentos a sofrer primeiro com crises econômicas, pois as pessoas param de adquirir. Então podemos ter impactos mais para a frente, como já estamos observando”, diz.

Apesar disso, a média diária das exportações de algodão está 30% acima do registrado no ano passado, segundo Alves. “Os agentes estão tentando fazer o cumprimento desses contratos até para receber recursos na atual taxa de câmbio. Enquanto que a arroba de 15 quilos está cotada a R$ 92 no mercado físico. Quando pegamos FOB e transformamos em real, dá R$ 116 na média da arroba. A exportação está mais atrativa”, diz.

Segundo o pesquisador, a tendência é que o dólar recue mais à frente, podendo comprometer a rentabilidade dos produtores de algodão.