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Reino Unido pode proibir importações de commodities do Brasil?

Empresas como Mcdonald's e Nestlé estão pedindo ao governo britânico leis mais duras contra desmatamento no exterior

Os principais supermercados, produtores de gado e fabricantes de alimentos do Reino Unido enviaram uma carta aberta ao governo britânico em que dizem que os atuais planos para combater o desmatamento nas cadeias de abastecimento não vão ser suficientes para barrar o desflorestamento e pedem uma regulamentação ainda mais dura. Empresas como Mcdonald’s e Nestlé estão pedindo ao governo britânico leis mais duras contra desmatamento no exterior.

A proposta de lei exigiria que as grandes empresas que operam no Reino Unido comprovassem a origem de produtos como carne, cacau, soja, borracha e óleo de palma.

O governo de Jair Bolsonaro alertou o Reino Unido que pode denunciar a nação à Organização  Mundial do Comércio por discriminação em razão do plano de obrigar a cadeia de suprimento a proibir importações de commodities que não tenham sudo produzidas de acordo com as leis ambientais.

O professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) Celso Grisi acredita que é possível que o Brasil consiga que o Reino Unido volte atrás com essa proposta. “Para isso, a embaixada brasileira na Inglaterra precisa atuar com maior intensidade”, diz.

Para o professor, a proposta deve ser discutida por embaixadores, e não da maneira que está sendo resolvida. Medindo os impactos caso as barreiras forem de fato efetivadas, Grisi afirma que não terá um impacto muito grande no Brasil, já que as exportações brasileiras para o Reino Unido representa cerca de 1,35%.

Ele afirma que o Brasil participa com muita intensidade nos fóruns da OMC, onde o Brasil tem enorme tradição e presença.

Para o comentarista Miguel Daoud, as alegações da OMC não são direcionadas ao Brasil e, entre os produtos citados por essas empresas, nenhuma delas o Brasil teria problema para comprovar essas procedências. “O Reino Unido fala da carne bovina, por exemplo, citando que há desmatamento para aumentar a produção, o que não há verdade. O país investe em genética e qualidade há anos, isso que melhorar o aproveitamento”, disse.

“Ela fala de países que não possuem modelos de rastreabilidade, não é o caso do Brasil Ela não acusa diretamente o Brasil, mas somos um grande exportador e estaríamos diretamente envolvidos nesse fórum da OMC”, concluiu.