Novo plano safra gera temor no agronegócio

Além da indefinição sobre volume de recursos e taxa de juros, há preocupação com redução da fatia de bem financiadoAs incertezas sobre o Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016, a ser lançado em 19 de maio, preocupa as lideranças do agronegócio presentes na abertura da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), nesta segunda, dia 27, em Ribeirão Preto, interior paulista. 

Fonte: Reprodução/Agrishow

Além do volume de recursos e das taxas de juros ainda indefinidos, outra preocupação do setor é a redução da fatia do bem financiado pelo crédito agrícola, hoje em 90% e 100%. 

– Pode vir plano safra que não contemple o volume do bem a ser financiado – afirmou o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Francisco Matturro.

Segundo ele, a incerteza em relação ao próximo plano safra, válido a partir de 1º de julho, deve ajudar os negócios na Agrishow, ainda sob as regras do Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015.

– Ainda há R$ 1,7 bilhão de recursos da primeira tranche e R$ 1,8 bilhão da segunda, com juros atrativos e possibilidade de financiar até 100% do bem. Por isso, o conselho é comprar agora – completou.

Já o presidente da Agrishow e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fabio Meirelles, mostrou temor em relação aos juros e cobrou do governo uma linha “mais ajustada” de financiamento ao setor.

– Há grande dificuldade em declarar a nova taxa de juros agrícolas. Isso nos preocupa, pois estamos defendendo uma linha mais ajustada e o Moderfrota é muito importante – disse.

– O governo precisa estar atento ao tomar qualquer medida que possa prejudicar o setor que gera renda e ajuda a segurar a inflação – concluiu.

Mais Alimentos

Além da presença do vice-presidente da República, Michel Temer, e da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, o governo federal vai enviar representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) à Agrishow, para tratar de agricultura familiar, especialmente do programa Mais Alimentos, uma linha subsidiada de crédito para fomentar investimentos nas propriedades rurais mediante a aquisição de máquinas e de novos equipamentos.

– Esse relacionamento do MDA com os participantes da feira é muito importante, pois o Mais Alimentos possui como premissa a oferta de produtos para a agricultura familiar a um preço abaixo do mercado, com menor taxa de juros, prazo diferenciado e parceria com a indústria fabricante de máquinas e equipamentos agrícolas, para fornecer tecnologia adequada à agricultura familiar com condições de entrega e garantias diferenciadas – afirma, em nota, o coordenador do Mais Alimentos, Lucas Ramalho.

O programa fornece crédito a juros de 2% ao ano, até três anos de carência e até dez anos para pagar. São financiados projetos individuais de até R$ 300 mil, havendo um limite de R$ 150 mil por ano safra, e coletivos de até R$ 750 mil. Concessão de crédito no valor de até R$ 10 mil tem juros ainda menores, 1% ao ano. 

Segundo Ramalho, 10% dos tratores adquiridos no Brasil foram financiados pelo Mais Alimentos, que só tem oito anos de vida.