Os países da América do Sul que são os maiores produtores de soja estão insatisfeitos com o Pacto Ecológico Europeu, chamado de Green Deal. A afirmação é do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, após participar de um evento na Argentina, que reuniu representantes do setor de diversas partes do mundo.
O Acordo Verde Europeu ou Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal) trata-se de um conjunto de políticas e estratégias articulado pela Comissão Europeia e entre os principais objetivos do projeto está a redução, até 2030, de pelo menos 55% das emissões de gases de efeito estufa e chega à neutralidade climática até 2050.
Tal pacto, conforme especialistas, pode impactar países de outros continentes. A agropecuária brasileira, por exemplo, pode ver sua competitividade no cenário internacional afetada.
A situação foi um dos pontos debatidos em Rosário, na Argentina, na semana passada durante a 25ª edição do Diálogo Internacional dos Produtores de Oleaginosas. Segundo Cadore, a Europa não pode se colocar como um continente que preserva penalizando os produtores sul-americanos.
“Por unanimidade, principalmente dos países produtores de soja da América do Sul, se colocaram contrários que um país proponha um acordo que fere a legislação. [Os europeus] já começam o acordo ferindo os tratados comerciais internacionais”.
Ainda conforme o presidente da Aprosoja-MT, os países “não sentem a Europa passível de uma cobrança de coisas que ela mesma não faz”.
“A Europa não pode vender sustentabilidade colocando como pagamento o produtor brasileiro, paraguaio, argentino, uruguaio. Quem vai carregar o passivo do imóvel que a sua legislação permite? Então, não se trata de contrariedade. Se trata de abusividades que os países da América do Sul não vão aceitar”.
Panorama da produção de soja em MT
Durante o evento na Argentina assuntos que envolvem ciência e inovação, liberação comercial, preocupação com a falta de disponibilidade de insumos, entre outros, foram debatidos pelos países produtores do grão.
O evento, conforme Fernando Cadore, é considerado uma oportunidade para o setor produtivo ter uma discussão no cenário macro, uma vez que envolve diversos atores do mundo todo.
“Essa troca de experiência é válida porque podemos pegar alguma ideia ou sugestão e trazermos para nosso trabalho em Mato Grosso”, avalia Cadore.
Sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, um dos assuntos em pauta no evento, o presidente da Aprosoja-MT salienta que tal conflito pode influenciar no fornecimento de insumos no mercado de grãos, além de causar a escassez mundial de milho e isso, desencadear uma crise global. Ele reforça ainda que, por mais que a produção brasileira caminhe para um bom rendimento, ainda assim, há risco que não seja o suficiente para amenizar a demanda mundial, o que pode elevar o preço do milho.
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