Mato Grosso

Desvalorização do milho preocupa agricultores de Mato Grosso

Dados do Imea revelam que até março apenas 33,74% da produção esperada de milho na segunda safra 2022/23 havia sido vendida

A chuva impulsiona o desenvolvimento das lavouras de milho nas principais regiões produtoras de Mato Grosso e reforça o otimismo dos agricultores. Contudo, a desvalorização do cereal em mais de 15% nos últimos meses tem deixado o campo apreensivo quanto a rentabilidade da safra.

Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) revelam que 33,74% da produção estimada em mais de 46 milhões de toneladas havia sido comercializada até março. O volume é 20,78 pontos percentuais inferior aos 54,52% vendidos antecipadamente até o mês o ano passado.

Luiz Antônio Huber é gerente técnico em uma propriedade no município de Jaciara, sudeste de Mato Grosso. Ele comenta estar otimista com os rumos da produção de milho nesta safra, uma vez que o clima segue favorável e as lavouras receberam adubação reforçada.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Entretanto, Huber frisa que os preços pagos pela saca de 60 quilos do cereal preocupam, além de estar difícil em se conseguir comprador. Na propriedade apenas 30% da produção foi negociada até o momento.

“Nós fizemos contratos futuro na virada do ano e daquele dia para cá caiu em torno de 15% mais ou menos o valor do milho. E, a cada dia é só para baixo. Nem comprador tem mais para fazer compra futura. Se aparecer um negócio bom ou troca por insumo ou talvez no mercado interno tem que comercializar. Não dá para esperar”, diz ele, em especial, diante dos altos custos desta safra.

Preços devem subir diante demanda

Na fazenda vizinha a qual Huber trabalha, a apreensão quanto às vendas da safra 2022/23 de milho é maior. O produtor Carlos Alberto Schneider revela esperar a reação dos preços para começar a fechar os primeiros contratos.

Segundo Schneider, a queda vista no preço do cereal nos últimos meses surpreendeu o setor produtivo. Porém, ele diz acreditar que os mesmos voltem a subir diante a quebra de safra na Argentina e na região sul do Brasil em decorrência da seca.

“Então, eu não consigo acreditar que esse milho vai permanecer no preço que está neste momento até o início da colheita”.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mao Grosso

Rentabilidade apertada preocupa em Sorriso

A desvalorização do milho também deixou os agricultores de Sorriso, município que mais produz o cereal no estado, apreensivos e cautelosos. De acordo com o Sindicato Rural, apenas 25% da produção esperada foi negociada até agora, volume inferior ao da última temporada, que nesta época havia vendido pouco mais da metade.

“O preço reflete nesta comercialização. Isso nos causa muita preocupação. Custos altíssimos. Se continuar esses preços, mesmo colhendo bem, não vai ter rentabilidade ou vai ter a rentabilidade achatada”, comenta o produtor de Sorriso, Silviano Filipetto.

Em Sorriso foram cultivados 480 mil hectares de milho nesta safra 2022/23. Uma área 8% menor que na comparação com 2022. Parte da plantação ficou de fora da janela considerada ideal, outra preocupação do município.

“Tem que ter chuva até o início do mês que vem. Se não chover podemos ter uma redução sum na colheita desse milho que ainda está por pendoar. Até ele pendoar precisa ter umidade no chão para poder terminar de encher o grão lá em maio”, salienta.

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