Mato Grosso

Mato Grosso: energia elétrica ineficiente trava investimentos de armazenagem

Falta de manutenção na rede, oscilações e capacidade de quilowatt-hora insuficiente dificultam funcionamento de armazéns, secadores e motores industriais

Agricultores em Mato Grosso estão insatisfeitos com o fornecimento de energia elétrica às propriedades rurais. A capacidade de quilowatt-hora (kwh) insuficiente, somada a falta de manutenção na rede em alguns trechos e as constantes oscilações, tem inviabilizado investimentos de armazenagem.

Em Nobres, onde as lavouras de soja ocupam pouco mais de 50 mil hectares, a situação da rede elétrica preocupa os produtores, que sentem dificuldades até mesmo para emitir uma simples nota na internet.

A dificuldade em investimentos diante da ineficiência da rede elétrica no campo é o tema do episódio 71 do Patrulheiro Agro desta semana.

“Nossa energia aqui é uma energia monofásica. Uma energia limitada e para você movimentar, girar um armazém e secador são motores grandes e essa energia é inviável. A gente ainda tem os problemas de cortes, principalmente no início do período chuvoso. É corte toda hora, duas a três vezes por dia, e fica todo mundo parado”, comenta o agricultor Dejair Roberto Liu.

Segundo Liu, os constantes cortes de energia dificultam ainda a emissão de notas na internet, o que acaba pesando ainda mais no bolso quando se trata do transporte da produção.

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“Agora na época da colheita o que acontece, nós precisamos emitir a nota na internet e se não tem a energia, não emite a nota. O custo de um caminhão é caro. Agora você imagina um caminhão ficar aqui na lavoura parado sem condição de você emitir a nota, porque se você chegar no armazém não recebe o produto porque não tem a nota, atrasa até a colheita. Toda vez que falta energia é um transtorno”, afirma Liu.

Distribuição de energia não acompanhou evolução do campo

Na avaliação do produtor Walter Scharf, que nesta safra 2022/23 semeou na propriedade da família 1,4 mil hectares de soja, a distribuição de energia elétrica não acompanhou a evolução do campo.

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“Você vê cada vez menos área de pasto e mais área de agricultura e a energia continua a mesma rede que era antigamente. Hoje, a gente não tem energia para armazém aqui nem que queira. Qualquer oscilação que dá em questão climática, qualquer vento, qualquer coisa a gente já fica sem energia por aqui. Se fosse uma rede trifásica pelo menos eu entendo que teria mais estabilidade”, diz Scharf.

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Produtores cobram melhorias

Produtores que realizaram investimentos em infraestrutura na região de Nobres afirmam encontrar dificuldades para tocar equipamentos por causa das oscilações e baixa oferta de energia na propriedade. Eles cobram da concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica melhorias no fornecimento.

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“O barracão aqui já tem quase vinte anos parado por causa disso, de falta de estímulo. O princípio de tudo é energia. Tem que ter energia para poder movimentar a máquina. Quando chegou, chegou essa aqui que é monofásica e para atender a demanda aqui monofásica não atende. Tocava com energia a óleo diesel, mas é totalmente inviável. A única saída foi fechar”, pontua o produtor João Armindo Rondon.

Energisa diz ser possível solicitar aumento da carga

A Energisa informou em nota enviada ao Canal Rural Mato Grosso que os clientes podem solicitar o aumento da carga de monofásico para bifásico ou trifásico por meio da agência de atendimento.

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Após a solicitação, a concessionária explica que é feita uma análise se é preciso ou não realizar obra de reforço da rede. Conforme cada caso, a empresa definirá se o consumidor terá ou não participação no valor da execução.

A companhia também informa que possui equipes em campo e planejamento de investimentos para todas as regiões do estado. Em 2022, foram investidos mais de R$ 920 milhões em Mato Grosso e as estratégias continuam neste ano.

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