EM MATO GROSSO

Preço do milho ainda não garante rentabilidade às cadeias da proteína animal

Somente a suinocultura no estado estima um prejuízo de aproximadamente R$ 50 por animal abatido

A desvalorização do preço da saca de milho em Mato Grosso é vista como um “alívio” pelas principais cadeias produtivas da proteína animal no estado. Contudo, os criadores afirmam que mesmo assim ainda não garante a rentabilidade esperada pelo setor. Somente a suinocultura estima um prejuízo aproximado de R$ 50 por animal abatido.

A colheita do milho avança em Mato Grosso nas principais regiões produtoras. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), no médio-norte do estado quase metade da área foi colhida.

Enquanto movimentam as máquinas, os agricultores ficam de olho nos preços do cereal, que a cada dia estão mais baixos, ameaçando a rentabilidade e aumentando o risco de que falta espaço para guardar a produção, já que as vendas estão lentas.

“Com a baixa [preço] do milho tanto da soja, o agricultor comercializou menos produto, principalmente soja do que os anos anteriores, fazendo com que nós tenhamos muita soja estocada nos armazéns, ocupando o espaço desse milho que estaria entrando nesses armazéns agora. Então, temos a soja lá e o produtor não consegue armazenar o milho”, diz o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Sadi Beledelli.

milho
Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

O agricultor do município, Tiago Stefanello pontua que quem não vendeu soja também está com a conta no vermelho.

“É um ano problemático para o ano que vem. Estamos fazendo contas e refazendo contas, as entidades estão ajudando nisso, todas a empresas. Eu acho que o produtor tem que dar uma segurada e fazer o custo na ponta da caneta para ver o quanto ele pode investir mais ou menos, porque não vai ser um ano fácil não”.

Desvalorização do milho supera os 40%

Atualmente, o valor médio pago pela saca de 60 quilos de milho no mercado disponível em Mato Grosso gira em torno de R$ 34, mais de 40% abaixo do preço praticado há um ano. Enquanto quem produz o cereal vive momentos de apreensão, quem depende dele na alimentação animais diz que a desvalorização ameniza as contas, porém ainda não garante rentabilidade.

“Como de cinco, seis anos para cá nós vínhamos abatendo precocemente as matrizes para que não fechasse mais granjas, nós temos hoje vários galpões vazios desalojados, mas com o cenário atual, no valor que o milho está, no valor que o farelo de soja se encontra, nós voltamos a alojar gradativamente, mas sempre com cautela porque não sabemos como será o mercado futuro. Ainda vai em torno de 18 meses para que realmente o plantel de posturas e cortes no estado de mato grosso volte ao seu alojamento normal”, frisa o presidente da Associação Mato-grossense de Avicultura (Amav), Lindomar Rodrigues.

Conforme o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior, na pecuária “está difícil sobrar dinheiro”, está fazendo “zero a zero”. Ele pontua que há uma perspectiva de que o preço da arroba aumente nos próximos dias.

“A gente fica triste por um lado porque empresas baixaram muito abruptamente, vieram preços quase de prejuízos, principalmente para o agricultor de soja e milho. O boi já estava baixo, mas a expectativa nossa, porque a gente vive muito dos grãos, a nossa pecuária depende muito da suplementação com grãos e aí o alento é que esses preços baixaram também, é os nossos custos tenderem a se estabilizar e ficar um pouco menor com alimentação”.

Suinocultura, suíno, controle
Foto: Embrapa Suínos e Aves

Suinocultura amarga prejuízo mesmo com milho em queda

Os suinocultores em Mato Grosso também alegam prejuízo, mesmo diante da redução de preços do milho. Segundo o setor, o saldo negativo é puxado por dois fatores: a desvalorização do preço pago pelo quilo do animal e a concorrência com outras proteínas.

“Todo mundo pensa que com essa redução da saca de milho a conta para o suinocultor ficou positiva, mas na verdade não ficou. Ela trouxe um pouco de esperança para o suinocultor não ter tanto prejuízo e quem sabe em um segundo momento alcançar o lucro. Mas, com essa desvalorização da carne bovina, que é ainda a proteína preferida do brasileiro, não tem muito espaço para carne suína subir de preço”, pontua o presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Frederico Tanure Filho.

Ainda conforme, o presidente da Acrismat, como a venda do suíno no estado está em baixa, o suinocultor continua acumulando prejuízo. “Hoje estamos em um preço de vendas de R$ 5,20, com um custo de produção girando em torno de R$ 5,70. Então, para um suíno de 100 quilos vivo um prejuízo de R$ 50 por animal”.

 

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