PREOCUPANTE, MAS POSITIVO

Preço do milho em MT começa a reagir após anúncio de possibilidade de escassez global do grão

Estado deve produzir nesta safra 2022/23 mais de 50 milhões de toneladas de milho, apontam as estimativas do Imea

Apesar de preocupante a possibilidade de escassez de milho em decorrência a guerra na Ucrânia e situações climáticas em países como Estados Unidos e Argentina, que pode vir a desencadear uma crise global, produtores em Mato Grosso pontuam que a notícia vem em boa hora para o setor diante das quedas diárias do preço da commoditie e do fato de já haver cereal à céu aberto com o atraso da comercialização. A saca de 60 quilos no mercado disponível no estado encerrou a quarta-feira (19) cotada em média a R$ 32,81, leve incremento de 0,24% no comparativo com o dia anterior.

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Foto: Leandro Balbino/Canal Rural Mato Grosso

Mato Grosso nesta safra 2022/23 conta com uma projeção de produzir 50,15 milhões de toneladas de milho, de acordo com as últimas estimativas divulgadas pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). A produtividade média está em 112,68 sacas por hectare.

Conforme o Imea, o estado até o mês de junho havia comercializado apenas 53,47% da produção prevista. As negociações estão abaixo do verificado no período em 2022 quando 63,57% da produção estava vendida antecipadamente e da média dos últimos cinco anos de 75,14%. O atraso, apontam os produtores, é em decorrência a queda nos preços do grão.

Nesta quarta-feira (19) a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) emitiu nota de alerta sobre as situações que envolvem a guerra entre Ucrânia e Rússia e clima nos principais países produtores de milho, que podem causar a “escassez” do cereal e desencadear uma “crise global”.

A Ucrânia é responsável por 16% da produção de mundial de milho e, diante a guerra iniciada pela Rússia em 2022, estima-se que para a safra 2022/23 sofra uma queda de 40% na produção. Além do recuo na produção, o país encontra-se com seus portos fechados, prejudicando o fornecimento do grão para o mercado externo e levando seus compradores a buscarem outros países. No último dia 17 de julho a Rússia anunciou sua saída da Iniciativa de Grãos do Mar Negro, que permite que produtos agrícolas sejam enviados com segurança da Ucrânia.

“A alternativa para a garantia do fornecimento mundial de milho poderia vir de outros principais países produtores, todavia, isso pode não ocorrer, vez que outros grandes países produtores também enfrentam problemas”, pontua a Aprosoja-MT.

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Foto: Leandro Balbino/Canal Rural Mato Grosso

Produtores estimam retomada de preços do milho

A Aprosoja-MT salienta que “Com todos esses problemas, embora a safra de milho brasileira esteja caminhando para uma boa produção, talvez não seja suficiente para amenizar problema de demanda que está por vir, com isso certamente haverá elevação no preço do cereal”.

A entidade afirma ainda que “Somente com o acordo do Mar Negro entre Rússia e Ucrânia estima-se que houve uma redução no preço do milho em torno de 20%. Porém, agora, com o rompimento do acordo, somado aos problemas climáticos, perda de produção em países players, e contínua demanda, haverá um forte aumento no preço da commodity, e consequentemente, aumento no preço dos alimentos”.

Segundo o agricultor em Jaciara, Jorge Diego Giacomelli, os preços já começaram a reagir e, também, há procura maior por parte das tradings. Ele frisa que, apesar de preocupante em nível global a situação, para o produtor mato-grossense surge a expectativa de ao menos conseguir fechar as contas nesta safra com a reação do mercado para cima.

Nesta quarta-feira o preço médio no estado ficou cotado em R$ 32,81. Na terça-feira (18) em R$ 32,73, na segunda-feira (17) R$ 31,92 e na sexta-feira (14) R$ 31,86, como aponta o Indicador do Imea.

Em Campos de Júlio, de acordo com o Indicador do Imea, a saca de 60 quilos de milho no mercado disponível apresentou variação diária positiva de 1,25% nesta quarta-feira, fechando a R$ 32,40 em média. Em Campo Novo do Parecis a alta foi de 1,21%, sendo a saca vendida a R$ 33,40. Em Campo Verde R$ 36,25, com aumento de 0,97%. Rondonópolis R$ 37,60, com incremento de 1,08%.

Os valores no mercado disponível estão abaixo do preço mínimo estipulado pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) para o estado em 2023 de R$ 43,26.

“[Para o setor que vinha pleiteando por preços] a notícia chegou em boa hora, porque vendemos num preço interessante no começo e depois despencou e precisamos continuar vendendo para manter os custos da fazenda. E, agora com essa notícia o mercado deu uma reagida”, diz Giacomelli.

Para a safra 2022/23 o Imea projeta que cerca de 29,41 milhões de toneladas tenham o mercado externo como destino. As exportações de milho na safra 2021/22 somaram 26,42 milhões de toneladas em Mato Grosso. O volume supera em 58,44% as 16,67 milhões de toneladas do ciclo 2020/21. O montante é considerado recorde.

O agricultor de Jaciara salienta que Mato Grosso está preparado para atender a demanda mundial pelo cereal.

“Vai ter, porque o Mato Grosso é muito e o produtor do estado é muito eficiente. Então, vai ter milho para suprir essa demanda”.

 

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