MEIO AMBIENTE

Sedimentos de barragem alteram águas do Rio Grande no Oeste da Bahia

Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), comunica nota técnica com detalhes do ocorrido

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Foto: Reprodução/Fala Barreiras

Um dos principais cursos d’água do Oeste da Bahia e afluente do Rio São Francisco, o Rio Grande, ficou com uma coloração atípica no último fim de semana, após um rompimento de uma barragem da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Luzia, localizada em Palmeiral, no município de São Desidério (BA).

A turbidez da água foi observada com preocupação pelos moradores que registraram com fotos e vídeos a mudança do rio. A situação rapidamente repercutiu nas redes sociais.

Além de uso recreativo pela população e um dos cartões postais da região, o Rio Grande é também é utilizado para irrigar as áreas produtivas.

De acordo com nota técnica da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), na madrugada do dia 11 de maio de 2024, os Órgãos Núcleo Regional de Saúde, Inema e diretoria da PCH Santa Luzia, constataram um vazamento por percolação que provocou
lixiviação de material argiloso esbranquiçado característico do solo local.

Segundo a Ufob, o material foi arrastado pela correnteza do Rio Grande, promovendo dispersão do sedimento argiloso e consequente branqueamento das águas.

A nota afirma que o material argiloso, possui baixo índice de decantação e, por isso o espalhamento deste material cobriu uma área considerável.

E diz ainda que os estudos preliminares demonstram que o material é inofensivo a saúde humana, animal e vida aquática.

Além disso, diz que as concentrações de oxigênio dissolvido permanecem inalteradas com variações de 5,5 a 6,3 ppm de 02.

Segundo o parecer técnico assinado pelo professor doutor, José Domingos Santos da Silva, foram coletadas amostras nos dias 11 e 12 de maio, para entender melhor a extensão dos possíveis danos ambientais.

Dados de estudos mais aprofundados serão emitidos nos próximos dias, juntamente com mais análises de amostras.

O professor reitera ainda, que as águas do Rio Grande, apesar de turvas, ainda são compatíveis com o perfil químico de águas naturais e podem ser utilizadas normalmente após tratamento adequado sem que haja qualquer risco ou dano à saúde humana.

O que dizem as prefeituras

Após o vazamento em São Desidério, logo foi possível observar a água barrenta no trecho do rio na cidade de Barreiras, onde segue o seu curso.

A Prefeitura de Barreiras, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, informou que acompanha com atenção a apuração dos fatos sobre a operação na Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Luzia no município de São Desidério.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Barreiras, em parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande, seguirá monitorando a situação para manter a população informada de quaisquer providências que se faça necessário a preservação da qualidade da água em nosso município.

Por meio de nota, a Prefeitura de São Desidério através da Secretaria de Meio Ambiente informou que acionou o, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), órgão estadual responsável pelo licenciamento da PCH, também ao laboratório da Ufob para fazer coleta afim de analisar a água e aos responsáveis pela PCH.

A prefeitura disse ainda que cobrou do empreendimento todo suporte para os moradores das comunidades afetadas, como o abastecimento de água potável.

O Inema e Agência Nacional de Águas foram procurados a respeito do assunto, mas até esta publicação, não obtivemos resposta.


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