Agricultura

AgroBrasília mostra sistema para produzir 30 vezes mais peixes com menos água e ração

Feira que termina neste sábado foca em tecnologias que apostam na elevação da produtividade e no controle biológico

Aumentar a produtividade tem sido um dos principais focos de projetos e estudos ligados ao agronegócio em todo o Brasil, porém, na região do Distrito Federal e entorno, essa necessidade é ainda maior, em função do tamanho das propriedades rurais — bem menores do que em outros estados do país. Por isso, a tecnologia e a inovação foram os grandes destaques da edição deste ano da Agrobrasília.

Agrobrasília
Foto: AgroBrasília

Um exemplo de destaque é o Sistema Bioflocos, tecnologia apresentada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), que permite produzir até 30 vezes mais peixes na fase de alevinos e juvenis, usando menos água e ração. A solução é inspirada em técnicas utilizadas na França e Israel para o tratamento de esgoto, que foram adaptadas para peixes e camarões.

 

De acordo com o coordenador do programa de Aquicultura da Emater-DF, Adamyr Borges, no sistema, partículas suspensas de microalgas e bactérias agregadas a restos de ração garantem parte dos nutrientes necessários para o desenvolvimento dos peixes. “O floco é vivo, colonizado por bactérias e outros organismos, que funcionam como um filtro vivo da água, permitindo o reaproveitamento com troca quase zero da água”, explica.

Segundo Borges, enquanto um sistema convencional produz um quilo de tilápias por metro cúbico, com os bioflocos, é possível produzir de 15 a 30 quilos de peixe no mesmo espaço. “No entanto, apesar de viável para todas as etapas da criação, constatamos que o sistema tem melhor custo benefício apenas na fase de alevinos para juvenis, em função dos custos com equipe técnica e energia elétrica”, enfatiza.

Outra novidade apresentada foi a pulverização de defensivos agrícolas por meio de drones nos campos de hortaliças  — tema de extrema relevância na região, já que a olericultura ocupa 22% de toda a produção agrícola do DF. De acordo com a coordenadora do Circuito de Olericultura da Agrobrasília, Adriana Nascimento, a tecnologia possibilita racionalizar o uso de água e dos insumos químicos.

Além disso, a coordenadora afirma que a aplicação de agentes microbiológicos por drone é também mais rápida. “Por drone, é possível pulverizar até três hectares por hora, enquanto na aplicação manual, normalmente, é feito 0,24 hectare por hora”, destaca.

Soja mais resistente

O público da AgroBrasília também pôde conferir o lançamento da Plataforma Enlist, uma nova opção de biotecnologia para a soja.

O líder comercial da Corteva Agriscience para o DF e Goiás, Fernando Ávila, afirma que a tecnologia une alta performance e melhor manejo de plantas daninhas, pois inclui três herbicidas geneticamente nas sementes do grão.

Além disso, uma variação da tecnologia adicionou ainda duas proteínas capazes de contribuir também para o melhor manejo das lagartas que mais afetam o cultivo da soja.

“Desde 2010 nós viemos avançando nas pesquisas desse sistema. E agora, depois de todas as aprovações nos órgãos regulatórios, nós temos a alegria de apresentar essa tecnologia ao público da Agrobrasília”, destaca.

O evento é realizado pela Cooperativa Agropecuária do DF (COOPA-DF) e é considerado a maior feira agro do Planalto Central