ALERTA NO CAMPO

Altas temperaturas nas lavouras de soja dificultam controle de plantas daninhas

Investimento em pesquisas para melhoria do manejo é uma das alternativas para minimizar as plantas indesejadas 

Foto: Pedro Silvestre/ Canal Rural MT
Foto: Pedro Silvestre/ Canal Rural MT

As altas temperaturas e a irregularidade das chuvas em Mato Grosso dificultam o controle das plantas daninhas no meio das lavouras de soja, podendo colocar em risco a sobrevivência dos pés da oleaginosa. Com isso, algumas espécies acabam criando resistência a herbicidas, aumentando o alerta no campo. 

O agricultor Ari José Ferrari já fez três aplicações de herbicidas para tentar controlar a presença do capim pé-de-galinha no meio da lavoura, no município de Primavera do Leste. O capim é uma ameaça para o desenvolvimento da plantação. 

Foto: Pedro Silvestre/ Canal Rural MT

“O capim segura a água toda para ele e a soja, no meio dele, não nasce. Perde soja, gasta com o defensivo e não adianta. Hoje a gente pode falar que a maior dor de cabeça de praga é ele”, explica.

Maior proliferação de plantas daninhas

De acordo com especialistas, o clima adverso nesta safra no estado, provocado pelo El Niño, favorece a proliferação e aumenta a dificuldade do controle da planta daninha no campo. O pesquisador de plantas daninhas da Fundação Mato Grosso, Lucas Heringer, conta que este é um ano diferente de outras safras. 

“Nós tivemos muitas regiões que no período da entressafra de junho e julho tivemos algumas chuvas e isso já deu condição da planta daninha se estabilizar na área. E estamos passando por um momento agora de plantio de soja onde as condições não estão tão favoráveis. Já tivemos condições que as plantas daninhas conseguem sobressair em relação à cultura”, disse. 

Já o pesquisador da Embrapa, Sidnei Cavalieri, conta que existem casos confirmados da resistência simples a inibidores. 

“Nós temos casos confirmados de resistência simples a inibidores como alguns herbicidas ativos haloxyfop, fenoxaprope, fluazifope, por exemplo, e também glifosato recentemente resistência múltipla que torna o controle ainda mais difícil. Então em um cenário desses de irregularidade climática a dificuldade de se controlar o capim pé de galinha é ainda maior, principalmente se o produtor não tem informação prévia se naquele talhão tem resistência ou não, o potencial de redução de produtividade do capim pé de galinha é muito grande”, afirma. 

As plantas daninhas, têm tirado o sono dos produtores e a rentabilidade, desafiam as pesquisas. Esse assunto foi um dos destaques no 3º Seminário Mato-Grossense sobre Manejo da Resistência, em Cuiabá. 

Algumas perdas nos campos chegam a 90% se não forem controladas, segundo o pesquisador de Plantas Daninhas da Fundação Mato Grosso. E que,  na média do estado, as perdas chegam a 30% ,40%. 

Durante o encontro, foram apresentados estudos sobre a eficiência de produtos e o uso de novas tecnologias de manejo. 

“Quando a gente fala de manejo de resistência isso é mais a longo prazo. E, envolve logicamente uma série de ações para que realmente evite. O melhor é evitar a resistência e manejá-la mais uma vez, porque ela está instalada e temos que fazer o possível para manejar e não ter impacto nenhum na produtividade. A indústria vem colaborando e é importante educar, não só o produtor mas toda a cadeia sobre a importância que é prevenir a resistência”, pontua o diretor de gestão de resistência da Bayer, Ramiro Ovejero. 

Possibilidade da criação de um consórcio para pesquisas

A possibilidade da criação de um consórcio unificando diferentes instituições de pesquisas também é defendida pelo setor. A medida visa dar mais agilidade  e eficiência  na resposta do manejo da resistência  nas lavouras. 

Rafael Pitta, pesquisador da Embrapa, afirmou que existe muito conhecimento e que através da pesquisa é possível gerar muita informação e que para ser mais eficaz, é preciso gerar mais resultados. 

“Assim, a junção de todo mundo, conversando e definindo as estratégias em conjunto eu vejo como uma melhor tática, porque o problema é comum e todo mundo quer buscar a solução, então nada melhor que trabalhar junto”, afirma. 


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