Mato Grosso

Área de algodão deve encolher mais de 5% nesta safra em MT, aponta Imea

Atraso na colheita da soja e mercado em baixa são apontados como principais fatores na decisão de alguns agricultores

O atraso na colheita da soja em Mato Grosso prejudicou o cultivo da segunda safra de algodão. Estimativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta recuo de 5,38% na área destinada para a fibra ante a previsão passada e ao registrado na safra 2021/22, totalizando 1,11 milhão de hectares no estado.

Dos 1,11 milhão de hectares destinados para o algodão no estado 961,2 mil hectares são de segunda safra. Tal extensão é 6,19% menor que os 1,02 milhão de hectares previstos em dezembro para a atual temporada e semeados no ciclo 2021/22.

Com o recuo na área, o Imea prevê uma produção de 4,647 milhões de toneladas de algodão em caroço e 1,94 milhão de toneladas de pluma, volumes 5,39% e 5,38% abaixo do estimado em dezembro para a safra 2022/23. Contudo, 6,15% e 6,80% superior ao da safra 2021/22, respectivamente, devido à expectativa de uma recuperação na produtividade nesta safra.

“Cabe destacar que esse recuo foi reflexo das expressivas desvalorizações observadas no preço da fibra nos últimos meses, o que desestimulou os cotonicultores do estado”, pontua o Imea.

Redução no algodão por cautela

Mais de um terço das lavouras deverão ser semeadas fora da janela considerada ideal, segundo o setor produtivo, o que aumento o risco de problemas no decorrer do ciclo da cultura.

Diante disso, já há produtor pensando em reduzir a área da pluma por cautela. É o caso da Fazenda Santo Expedito em Jaciara, região sudeste de Mato Grosso.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Segundo o gerente de produção, Luis Antônio Huber, o sol que apareceu nos últimos dias até ajudou, mas não foi o suficiente para acelerar o ritmo da colheita da soja, o que prejudica ainda mais os trabalhos no plantio do algodão que deve ocupar 2,5 mil hectares na propriedade.

“Começou bem, plantamos em uma época ideal a soja, ocorreu tudo normal, mas depois acabou faltando chuva para nós. Tivemos talhões que ficaram mais de 30 dias sem chuva. Aí a soja atrasou o ciclo em torno de 12 a 15 dias, depende da variedade. Então está bem atrasada a colheita e dependendo do atraso, vai dar problema para nós no plantio do algodão que está muito atrasado o plantio do algodão”, comenta Huber.

A janela ideal para o cultivo do algodão encerrou em janeiro e somente metade da área destinada à pluma foi semeada na fazenda, de acordo com Huber. Ele explica que o restante da lavoura ficará sob risco.

“O ano passado nesta época nós estávamos com todo o algodão plantado e esse ano nós vamos até o dia 14, 15 de fevereiro plantando. Nós temos um histórico aqui de término da chuva primeira semana de maio, depois disso não dá para contar com chuva e o algodão tem um ciclo muito longo, sabemos que lá no final depois falta chuva. Como aqui a gente tem um período de chuva mais ou menos certo, vai faltar chuva. O clima também não favorece e a produtividade vai cair no final. Nós vamos diminuir um pouquinho o algodão”, diz Huber que prevê iniciar a colheita da fibra entre 10 e 15 de julho.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Celeridade da colheita da soja

Em algumas propriedades, para não alongar mais a janela de plantio do algodão e tentar diminuir o risco para a cultura, há produtores que estão optando em acelerar a colheita da soja, mesmo com a umidade mais elevada que a ideal.

“Aqui a gente procurou antecipar um pouco a dessecação da soja, forçar um pouquinho a dessecação e até colhemos um pouco meio verde. Às vezes um pézinho ou outro que está meio verde, o grão está meio inchado e você tem que esperar mais um dia de sol. A gente não esperou e entramos colhendo. Já colhendo e plantando atrás. Por conta da seca no começo, depois muito tempo chuvoso e muito tempo nublado acabou tendo um alongamento no ciclo da soja, uma colheita que era para começar dia 5 de janeiro, começamos dia 16 de janeiro, então está bem atrasado o plantio do algodão”, comenta o agricultor Murilo Degasperi Fritsch.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Segundo Fritsch, ainda faltam 20% dos 1,1 mil hectares destinados ao algodão nesta safra para serem semeados. Mesmo com a maior parte da plantação já apresentando boa germinação, ele segue apreensivo e cauteloso quanto ao desempenho esperado. O principal motivo é o histórico de perdas registradas em áreas semeadas fora do melhor período.

“Por causa do regime de chuvas. Porque o algodão plantado mais tarde agora, corre o risco de lá na frente faltar umidade para ele para ele poder formar maçã, formar pluma. Quatro anos atrás atrasou muito o plantio da soja, começamos muito tarde o plantio do algodão e foi uma das piores safras nossa, o algodão plantado mais tarde precisa de umas duas chuvas em maio e não aconteceu, então diminui bem a produtividade dele”.

 

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