ENACAL 2023

Brasil estima demanda de 80 milhões de toneladas de calcário para correção de solos agricultáveis

Mato-Grosso se destaca como o maior produtor e consumidor no mercado respondendo por cerca de 20% do total nacional

Brasil estima demanda de 80 milhões de toneladas de calcário para correção de solos agricultáveis

Atualmente o Brasil consome 56 milhões de toneladas de calcário agrícola ao ano. Apesar do avanço, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), dois terços dos solos agricultáveis no país precisam ser corrigidos. E a demanda estimada chega a 80 milhões de toneladas por ano. Ao todo, o setor contabiliza um déficit de 30% (24 milhões de toneladas) na calagem do solo brasileiro. 

O alerta quanto aos benefícios do calcário para a correção do solo ocorreu durante o Encontro Nacional dos Produtores de Calcário Agrícola, o Enacal 2023, na quinta-feira (26). 

Mato Grosso é responsável pelo atual patamar de consumo elevado diante da alta demanda agrícola, que impulsiona o consumo de calcário safra a safra no estado e no cômputo dos dados nacionais. Ao todo, o consumo mato-grossense chega a 11,4 milhões de toneladas, cerca de 20% do total nacional. Alguns dados prévios da Embrapa sinalizam o montante para uma elevação do consumo regional de 14,5 milhões. 

Entraves para o crescimento do insumo no país 

Durante o evento, foi destacado que muitos produtores ainda não conhecem os benefícios que o calcário proporciona. Além de corrigir a acidez do solo, ele potencializa a absorção de nutrientes pelas plantas e, consequentemente, amplia o desempenho das lavouras. 

“No Mato Grosso, existem inúmeros produtores tecnificados e sabem como usar o calcário e são campeões em produtividade. O que nós precisamos fazer é estender isso aos menores agricultores que não possuem tanto acesso a essas informações. Hoje, 14% dos agricultores familiares sabem da existência e da necessidade do cálcario”, pontuou o presidente da Abracal, João Bellato Júnior. 

O vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Calcário de Mato Grosso (Sinecal-MT), Kassiano Riedi, comentou que alguns estudos de longo prazo foram mostrados durante o evento e que, explicaram a necessidade de calagem no solo. 

“Esses estudos comprovaram que os métodos antigos que se limitavam a 2,5 toneladas por hectare ao ano, não é mais uma barreira. É preciso colocar no solo a real necessidade dele. Com um solo corrigido, o adubo fica mais disponível para as plantas trazendo um menor custo para o produtor e uma maior produtividade. Esse ganho chega a ser 10 vezes mais com a ação de investimento no calcário”, comentou. 

Mineração ainda não atinge potencial estimado no país

Um dos assuntos que também foram abordados durante o encontro, diz respeito às dificuldades de ordem produtiva, regulatória e ambiental da mineração. E ainda, a importância de uma cadeia industrial forte a serviço do país.

Atualmente, apenas 4% do território nacional é mapeado em uma escala adequada para entender o cenário, ou seja, há muito ainda a se pesquisar sobre o potencial nos subsolos brasileiros. 

De acordo com o diretor de sustentabilidade e assuntos regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Julio Nery, é preciso conhecer o potencial do território nacional. 

“Nós queremos que o Serviço Geológico do Brasil (SGB) tenha mais recursos para o mapeamento do Brasil. Existem técnicas que fazem esses levantamentos serem feitos mais rápidos. E para isso, o governo precisa dar mais recursos para o SGB aumentar o seu conhecimento. Nosso território é muito grande. ”, frisou. 

Investimentos na atividade

Segundo Nery, os investimentos previstos para o setor da mineração, movimenta cifras bilionárias no país. A estimativa é de que nos próximos quatro anos, as indústrias invistam cerca de  US$  50 bilhões entre ampliações, criação de novas explorações e ainda, investimentos socioambientais. 

Ele ainda explicou os principais entraves que o setor enfrenta. “Atualmente, quem está nesse foco é o tributário.  Nós temos muito receio que isso se espalhe pelo Brasil e isso representa uma penalização financeira no setor. Desestimula o investimento”, frisou.  


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