PATRULHEIRO AGRO

Multiplicação de milho tiguera é motivo de alerta em MT

A recomendação é eliminar o quanto antes tais milharais para garantir o melhor controle da praga, evitando prejuízos e custos elevados na futura safra

Foto:Pedro Silvestre/ Canal Rural MT
Foto:Pedro Silvestre/ Canal Rural MT

Consideradas as principais hospedeiras para reprodução e desenvolvimento da cigarrinha-do-milho e os molicutes, plantas “voluntárias” de milho se espalham pelas lavouras em Mato Grosso. Nascidas dos grãos “perdidos” da última colheita, as tigueras podem servir como ponte verde para o inseto na próxima safra do cereal no estado. 

Estes são os temas do Patrulheiro Agro desta semana. 

Em Santa Rita do Trivelato, médio-norte do estado, tem agricultor que contabilizou perdas de até 50% na produtividade dos milharais desta temporada, decorrentes de enfezamentos na plantação.

“A gente viveu a pouco tempo um cenário bem desafiador com cigarrinha na cultura do milho e a gente sabe que é uma praga que está no sistema. E soma uma série de fatores que você precisa pensar para manejar essa praga, essa quantidade de plantas voluntárias que a gente tem, conhecendo a capacidade de multiplicação da praga da cigarrinha, a preocupação acende o alerta”, explica o diretor de pesquisa da Fundação Rio Verde, Fábio Pittelkow.

Especialistas recomendam eliminar a planta o quanto antes 

A recomendação é eliminar o quanto antes os milharais voluntários do campo para tentar garantir melhor controle do inseto. E assim, evitar perdas e aumento de custos para combater a praga.

A entomologista da Fundação Rio Verde, Jéssica Gorri, pontua que quando aumenta a prática de controle inicial, a tiguera não espera fazer esse controle junto com a próxima cultura. “Você não está pensando só na cigarrinha, mas em todos os complexos dessas plantas hospedeiras e também, na questão das viroses do enfezamento”.

Entre os sintomas causados pelo complexo do enfezamento, estão o encurtamento dos entrenós (o qual impede que a planta ganhe altura necessária para um bom desempenho), a má formação das espigas e problemas no enchimento de grãos.

A doença é causada por patógenos transmitidos por cigarrinhas contaminadas, podendo comprometer em até 70% a produtividade de uma lavoura.

O agricultor da região, Alécio César Peletti conta que a média final em sua propriedade ficou em 65 sacas por hectare. E pelo investimento feito, o mínimo a ser colhido eram 120 sacas de milho. 

“O que atrapalhou aqui foi a cigarrinha que veio com força, através de uma lavoura de pipoca que tinha no meu vizinho. Aquilo foi uma enxurrada de cigarrinhas enfezadas que já entrou contaminada. A rentabilidade pra mim, vai ser zero”, comenta.  

Entidade explica que é impossível eliminar a cigarrinha

De acordo com o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Beber, é impossível eliminar a cigarrinha do milho, mas que é possível eliminar o ciclo dos molicutes que causam os enfezamentos nos milharais. 

“A maioria dos milhos são resistentes ao glifosato e ao glufosinato e torna o controle ainda mais difícil, então é bom estar usando outros herbicidas controlando as camadas para que a soja quando esteja no período reprodutivo já esteja livre de milho”, finaliza.


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