Paraná

Santa Catarina enfrenta desafios climáticos e de mercado no agronegócio em 2022

Mesmo com problemas e alto custo de produção, estado registrou retomada no setor ao longo do ano com bons resultados em produção e produtividade

Santa Catarina atravessou 2022 com desequilíbrios climáticos, precipitações intensas no litoral e seca na porção oeste. Mesmo com a pressão entre custos de produção e receita, entretanto, houve retomada na produção de grãos e manutenção de patamares elevados de produtividade na cadeia de proteína animal.

O estado ocupa somente 1,1% do território brasileiro e é responsável por 12,9% da carne produzida no país, incluindo suínos, frangos e bovinos.

Para a Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), a dinâmica de mercado do agronegócio em 2022 no estado foi de pressão.

Gargalos na logística e fretes elevados

Além de toda dificuldade com os altos custos de produção e desastres climáticos, o setor também enfrentou gargalos na logística e preços de frete elevados.

“Os contêineres para exportação de US$ 2 mil hoje estão na faixa de US$ 7-8 mil, e chegaram a US$ 12 mil. O custo de frete de caminhão com as estradas praticamente intransitáveis em Santa Catarina se tornou mais alto ainda. É preciso que essas coisas se recomponham voltando a juros em patamares em que é possível se investir no agro”, afirma o vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri.

O dirigente afirma que o produtor precisa ter um bom rendimento para que possa acompanhar a evolução da tecnologia. “Você tem que investir cada vez mais para diminuir o custo e gerar melhor produtividade”.

Sucessão familiar em Santa Catarina

Na agricultura, 90% do estado é constituído pelo modelo familiar. E, de acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Santa Catarina (Fetaesc), há uma preocupação crescente com a sucessão na condução dessas pequenas propriedades.

“Nós temos mais de 35 mil famílias que têm a sucessão ameaçada em Santa Catarina. Em contrapartida, temos mais que esse número de jovens ainda no meio rural. Uma outra questão: o jovem não fica no meio rural se não tiver acesso de internet de qualidade”, aponta o presidente da entidade, José Walter Dresh.

O pecuarista e produtor de tabaco José Schmitt Bussolo avalia que sua propriedade familiar teve um desempenho estável em 2022, nas duas atividades ali realizadas. “Na produção de tabaco, teve irregularidades no período chuvoso, diminuindo a produtividade. Mas a qualidade é muito boa e a gente tem uma expectativa boa também na produção”, diz.

Carne suína

De janeiro a novembro deste ano, Santa Catarina exportou mais de 548 mil toneladas de carne suína, alta de 3,1% em relação ao mesmo período de 2021. No acumulado do ano, a receita chegou a marca de US$ 1,3 bilhão. Os três principais importadores são China, Filipinas, e Chile.

O estado respondeu por 56,5% do valor da carne suína exportada pelo país neste ano.

“É sempre bom explicar que a produtividade mostra muito a questão da eficiência, resultado do trabalho conjunto das cooperativas, das agroindústrias, do serviço público. (…) Considerando todas as condições vivenciadas de algumas dificuldades de exportação e questões climáticas, nós podemos dizer que terminamos o ano com balanço positivo sim”, avalia a presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Edilene Steinwandter.

Produção de grãos

Com área total de 1,027 milhão de hectares, Santa Catarina deve fechar o ciclo 2021/22 com 5,3 milhões de toneladas de grãos, 4,7% de alta em relação ao ciclo anterior.

De acordo com a Secretaria de Agricultura e Pesca do estado, o ano foi de retomada na cadeia produtiva de grãos, com eventos climáticos recorrentes dificultando o andamento das safras, mas ainda assim no macrocenário o balanço é positivo.

“Do ponto de vista geral, a gente está bem contente, porque várias cadeias tiveram desempenho muito positivo, como a de suínos e de aves, apesar dos custos de produção. O setor cooperativo também evoluiu bastante na área de grãos, com soja e milho retomando a produtividade”, afirma o secretário Ricardo Miotto.

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