CLIMA

‘Sobe e desce’ de temperaturas no PR

Veja como estão as principais culturas no estado, onde no mesmo dia estão sendo registradas variações aproximadas de 20 graus

Colheita da batata semente em Campo Mourão. Foto: Paulo Borges/ Deral.
Colheita da batata semente em Campo Mourão. Foto: Paulo Borges/ Deral.

Na última semana de agosto o Paraná registrou uma grande variação de temperaturas, que foram de zero e negativas na Região dos Campos Gerais até 30 graus, na Região Noroeste do estado, entre outras. O clima está marcado por mudanças térmicas bruscas, com ocorrência de geadas e baixa umidade do ar, o que classifica o risco de incêndios florestais como alto/muito alto, segundo o Boletim de Condições de Tempo e Cultivo divulgado hoje (3/09) pelo Departamento de Economia Rural do Paraná.

Veja como estão as culturas agrícolas diante deste quadro instável:

As empresas estão trabalhando fortemente na colheita de Pinus. O mercado está bastante aquecido, com compra de áreas por grandes empresas do setor e plantio de novas áreas, especialmente com as novas mudas clonais.

A colheita do milho 2ª safra está sendo finalizada com produtividades abaixo do estimado no início, majoritariamente. Da mesma forma, as colheitas de café estão sendo finalizadas com produtividades menores devido à formação de grãos menores e mais leves, resultado das altas temperaturas. Onde a colheita se encerrou, os cafeeiros estão recebendo tratos culturais.

O tempo firme permitiu o avanço da colheita da cana-de-açúcar, diferentemente dos anos anteriores, quando esta frequentemente era interrompida pelo excesso de umidade. Os rendimentos obtidos até o momento ainda estão bons, mas há uma tendência de redução devido às adversidades climáticas. Algumas áreas semeadas com soja em safras anteriores devem receber canaviais este ano.

Para a cultura da mandioca a umidade do período anterior ainda proporcionou certa facilidade na colheita nas áreas destinadas a indústria. Também o plantio e replantio, que começaram em julho, foram beneficiados. Apesar disso, o ritmo dos trabalhos está mais lento e os produtores estão preocupados com os baixos preços oferecidos nos últimos meses. Por sua vez, os agricultores de mandioca de mesa estão intensificando os trabalhos de colheita e descascamento.

A colheita de morango e maracujá continua no Noroeste. Concomitantemente, é relatado o plantio na região metropolitana de Curitiba de uma nova variedade de maracujá azedo, visando contribuir com a renda de pequenas propriedades.

As perdas no trigo em função das geadas ainda não foram totalmente contabilizadas, mas há relatos que se estenderam a região Sul e Oeste, além da Sudoeste. As perdas variam bastante em função da fase das lavouras, com as lavouras em espigamento e início de formação de grãos mais prejudicadas que as em fase final de formação do grão.

A colheita de trigo avança com produtividade abaixo do esperado em função da estiagem, com previsão de aumento no ritmo dos trabalhos nos próximos dias. Algumas áreas estão sendo submetidas a dessecação devido ao crescimento desuniforme provocado pela falta de chuvas durante seu desenvolvimento. Também evolui a colheita da aveia, bem como a dessecação de áreas que não serão colhidas. Há prejuízos significativos para esta cultura no Sudoeste e em parte do Sul em função das geadas, e os produtores reduzirão a área de colheita, aproveitando apenas pequenas áreas que possam ser salvas. Algumas áreas também foram prejudicadas pela seca.

Parte das áreas de canola mais tardias também sofreu com as geadas. Para a cevada, acredita-se que não haverá prejuízos tão relevantes, pois as lavouras não estavam em sua totalidade na fase suscetível.

Os trabalhos de cobertura com TNT se intensificaram para proteger ao menos parte dos cultivos de hortaliças das temperaturas negativas. Porém, houve danos nas plantações de alface, brócolis, couve-flor, repolho e outras folhosas, resultando em perdas e comprometimento da qualidade dos produtos.

O mês de agosto foi seco e a previsão para setembro é de que esse cenário se repita, o que está causando grande apreensão entre os produtores. Em agosto, muitos produtores anteciparam o plantio de batata, incentivados pelos preços e resultados da última safra, em alguns casos ocupando áreas antes semeadas com milho no verão.

É válido ressaltar que a cultura predominante na safra 24/25 será soja, e os produtores monitoram as plantas daninhas, verificando uma pressão mais baixa que em safras anteriores. O cultivo de soja já foi iniciado em algumas áreas logo após as chuvas, mas os produtores aguardam melhores condições para intensificar os trabalhos.

As áreas de pastagens continuam com baixa produção de massa verde. Além de terem sido prejudicadas pelos períodos de estiagem e pelo aumento dos focos de incêndio nos últimos meses, parte das áreas foi atingida pelas geadas na semana passada. Os focos de incêndio, embora tenham sido pequenos em geral, foram observados em vários pontos. Enquanto as condições de umidade não melhoram, os esforços no campo estão se concentrando nas operações de pré-plantio.

Observa-se o aumento da dessecação das plantas de cobertura, a realização de práticas de conservação do solo, como o levantamento dos terraços e a distribuição de calcário. Os produtores que arriscaram a semeadura do milho verão relatam áreas com problemas de germinação e até perdas por geadas. Após as chuvas, retomou-se o plantio de milho com força total. A semeadura estava atrasada em comparação ao ano anterior, refreada pelas previsões de frio, o que encurta a janela para o plantio do feijão de segunda safra. Cabe ressaltar que grande parte dos produtores ainda aguarda chuvas melhores para iniciar o plantio. A forte geada também afetou o tabaco e o tomate, tanto os poucos cultivos de inverno, como as plantas já transplantadas para o novo ciclo. Logo que voltou a esquentar, no entanto, o trabalho de plantio de mudas foi intensificado. (Fonte: Boletim Tempo e Cultivo – DERAL/PR)