Agricultura

Agricultor familiar reclama da falta de recursos após suspensão do crédito rural 

Pequeno produtor do Paraná teve que cancelar compra de avelinos após a suspensão das contratações de crédito 

O anúncio das suspensões dos recursos para a equalização das novas contratações de crédito rural impactou de forma significativa a agricultura familiar. 

Assim que a circular com o anúncio da suspensão do crédito foi comunicada para as instituições financeiras, os agricultores entraram em contato com as entidades representativas para comunicar que já não estavam mais conseguindo contratar o crédito. De acordo com a Federação da Agricultura do Paraná (Faep) a falta de recursos próprios faz da agricultura familiar o setor mais impactado com a suspensão.

“Com certeza é a mais impactada porque capital de giro é algo que nem todos conseguem ter, um dinheiro reservado. São produtores que vão pagando as contas à medida que as safras vão chegando, então nem todos têm essa reserva financeira”, diz Ana Paula Kowalski, do departamento econômico da Faep.

A propriedade de Nelson Roecker, em Santa Helena, no oeste do Paraná, tem 11 hectares. O milho é a principal atividade na geração de renda da família, que também investe na piscicultura e na criação de ovelhas para corte. Pouco antes da suspensão do crédito rural, o produtor fez investimentos para ampliar sua produção de peixes e já teme prejuízos.

“Eu solicitei ao banco crédito para adquirir alevinos e eles me deram o sinal positivo para a liberação. Já havia negociado a mercadoria com o vendedor, mas quando foi na hora de liberar o dinheiro acabou o crédito. Justamente quando nós compramos os alevinos acabou esse crédito e agora eu to sem ração, e também não tenho mais recursos para fazer uma nova compra”, desabafa Roecker, que além da compra dos peixes, afirma que teve prejuízos com as lavouras.

Assim que a paralisação para as novas operações de crédito rural foi notificada, a Faep encaminhou um ofício aos deputados federais e estaduais solicitando apoio ao pedido junto ao Ministério da Economia, para que o orçamento seja recomposto o mais rápido possível e não comprometa a janela de plantio até o próximo Plano Safra.

“A agricultura tem um calendário muito bem definido, onde o produtor tem data para realizar o plantio. Então não há como esperar e perder uma janela de plantio até que o recurso esteja disponível. O que o governo protocolou um pedido de crédito para saber qual vai ser o montante de orçamento que vai precisar ser suplementado. A gente espera que a solução seja a mais célere possível”, reforça Ana Paula Kowalski.