Agricultura

Apesar da seca no Rio Grande do Sul, próxima safra de uva promete vinhos de qualidade

No Rio Grande do Sul, a próxima safra promete produzir vinhos com a mesma qualidade dos nossos vizinhos Uruguai, Chile e Argentina

O excesso de calor e a falta de chuvas na Região Sul do Brasil prejudicaram várias culturas, mas no caso da uva trouxeram alguns benefícios que interferiram positivamente no sabor da fruta.

No Rio Grande do Sul, a próxima safra promete produzir vinhos com a mesma qualidade dos nossos vizinhos Uruguai, Chile e Argentina.

uva vinho
Foto: Pixabay

A cooperativa vinícola Garibaldi, uma das mais tradicionais do Rio Grande do Sul recebeu nesta safra 26,2 milhões de quilos de uvas de 430 famílias associadas.

Deste volume, 66% é destinado para a produção de suco de uva e vinhos de mesa, 30% para espumantes e vinhos brancos finos e 4% para vinhos tintos finos.

Ao contrário de outras culturas, a estiagem que atingiu todo o estado de uma maneira geral foi benéfica para a maturação do fruto, refletindo na qualidade da uva.

“A videira é uma planta que não tem tantas necessidades hídricas. Mesmo com a estiagem, ela conseguiu produzir de uma forma normal.  Como tivemos poucas chuvas no último verão no período de colheita da última safra, a colheita pode ser feita de uma forma mais tranquila e colhendo no ponto em que as uvas estavam na maturação ideal. E com uma condição mais seca a gente consegue ter maturações fenólicas e maturação de açúcar onde o vinho atinge um nível alcoólico maior, se assemelha a vinhos do Uruguai, Argentina, Chile, mas com a nossa identidade, da fruta madura que tem agregado tanto aos nossos vinhos”, diz Ricardo Morari, enólogo-chefe da vinícola Garibaldi.

“O volume, porém, foi 15% menor comparado ao do ano passado, mas ficou acima da média regular dos últimos cinco anos que é de 22 milhões de quilos. O setor ainda tenta se recuperar dos efeitos da pandemia nos últimos dois anos. As vendas, principalmente dos espumantes, despencou em compensação o consumo de vinhos aumentou nesse período”, complementa.

“A queda dos espumantes ela foi muito devido ao cancelamento de eventos né. feiras, casamentos, formaturas. O vinho se tornou um companheiro das pessoas que estavam no isolamento , se tinha mais tempo, se ficava mais em casa, se preparava as próprias refeições com a gastronomia né. se imagina que isso tenha potencializado o crescimento”, explica.

Hoje o volume de vendas de vinhos e espumantes já é parecido ao período pré-pandemia, o que dá ao produtor de uva uma perspectiva positiva em relação a próxima safra, mas para ser um fornecedor de matéria prima para esse setor é preciso investir na qualidade da fruta que passa por alguns cuidados:

  • escolha do local (solo e luminosidade)
  • opção da variedade
  • poda correta e equilibrada
  • tratamento fitossanitário racional
  • colheita no momento certo

Além de tudo isso, o produtor ainda precisa fazer uma boa gestão do negócio, empregar tecnologia e calcular a produção por hectare para ter rentabilidade.

“Tem grandes possibilidades sim de rendimento, inclusive nós temos visto muitos jovens retornando para a propriedade dos pais porque estão vendo o potencial que tem as propriedades e incentivando cada vez mais as variedades que a cooperativa tem necessidade para que seja uma matéria prima útil para nós. e dessa forma continuamos a tocar o negócio fazendo a cooperativa rentável, tanto para a cooperativa em sim como para o associado que entrega aqui a sua produção e acaba tendo também a participação nos resultados”, finaliza Morari.