Café

Café: quebra de safra brasileira e aumento de consumo alavancam preços 

Seca de 2020 já preocupam produtores, que seguram produto na expectativa de nova alta com o retorno de consumo pós-pandemia

A estiagem que atingiu os cafezais brasileiros no segundo semestre de 2020 estão se mostrando prejudiciais à safra atual, segundo aponta o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes. Isso fez com que as cotações subissem expressivamente nesta segunda e os efeitos continuassem nesta terça, 23. 

De acordo com a consultoria Safras & Mercado, no início da tarde de hoje houve valorização na Bolsa de Nova York, estendendo o rally de segunda-feira, tocando nos patamares mais altos desde dezembro.

“Vai se consolidando a imagem de que a próxima safra brasileira de café, que já seria menor devido à bienalidade da produção de arábica, será bem menor por causa da seca que sofremos no segundo semestre do ano passado. Está chovendo agora, mas a essa altura os cafeicultores já conseguem perceber em suas árvores a quebra que já está se consolidando. Ontem, com o término da rolagem  para maio dos contratos de vencimento para março na bolsa de Nova York, notou-se uma grande alta com os especuladores e fundos procurado se posicionar frente a essa nova realidade, com o Brasil que é maior produtor do mundo tendo uma safra de ciclo baixo e com quebra por causa da seca”, explicou Carvalhaes.

Segundo o analista, o cenário coincide com otimismo maior da vacinação dos EUA, que se prevê que o consumo de café fora do lar volte a subir em restaurantes, bares e hotéis. “Isso mostra um otimismo pelo consumo e do outro temos uma quebra no maior produtor do mundo, isso fez a cotação subir, com investidores testando no início do dia, e tendo uma disparada mais tarde, trabalhando com mais de 600 pontos de alto, fechando com 580 pontos de alta”.

Outro fator importante foi a alta do dólar frente ao real, impactada pelas decisões do presidente Jair Bolsonaro no caso da Petrobras. “Muita gente acha que há margem para o preço subir, mas ontem tivemos lotes de café arábica de boa qualidade acima dos R$ 700 e os muito finos descascados encostaram nos R$ 800. Acredito que tenhamos muito sobe e desce em Nova York, mas os preços devem continuar firmes”.

Por fim, aponta Carvalhaes, há uma indefinição sobre os próximos invernos que também podem vir secos e prejudicar ainda mais as safras futuras. “ Os agrônomos começam a mostrar que a seca foi tão severa em 2021, que algum reflexo teremos em 2022. E também não sabemos como serão os próximos dois invernos, o que pode impactar ainda mais na produção. Isso faz a bolsa subir e o produtor fica muito resistente em vender, pois ele não sabe o que deve ocorrer em 2022”.