Café

Preço do café sobe R$ 35 após disparada no mercado internacional

O mercado reagiu às notícias de medidas conjuntas de bancos centrais pelo mundo para conter o coronavírus; no Brasil, indicações de oferta mais curta, em época de entressafra, contribuem para a sustentação

café arábica
Foto: Marcelo Camargo/ABr

O mercado brasileiro de café voltou a registrar preços mais altos nesta terça-feira, 3. Em termos de negócios, o mercado também esteve mais ativo. Mais produtores e vendedores apareceram no mercado, ao contrário dos últimos dias. Apesar disso, os lotes negociados voltaram a ser de pequeno porte. 

No sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa ficou entre R$ 560 e R$ 565 por saca, contra R$ 530 e R$ 535 anteriormente, ou seja, alta de R$ 30. No cerrado mineiro, preço fechou entre R$ 570 e R$ 575, contra R$ 535 e 540 do dia anterior, alta de R$ 35 por saca. 

Já o café arábica rio tipo 7 na Zona da Mata de Minas Gerais, com 20% de catação, teve preço de R$ 400 e R$ 405, contra R$ 380 e R$ 385 anteriormente. O conilon tipo 7 em Vitória (ES) teve preço de R$ 320 a R$ 325 a saca, no comparativo com R$ 312 a R$ 315,00 do fechamento do dia anterior.

A consultoria Safras & Mercado afirma que essa disparada do café no mercado brasileiro aconteceu por conta dos fortes ganhos na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). As cotações subiram diante do forte movimento de compras de fundos e de especuladores. O mercado reagiu às notícias de medidas conjuntas de bancos centrais pelo mundo para conter os efeitos na economia global do alastramento do coronavírus. O contrato de maio rompeu a linha de US$ 1,20 e fechou no patamar mais elevado desde 7 de janeiro.  

Segundo o consultor Gil Barabach, o mercado estendeu o rally com compras por parte de fundos puxando os ganhos. “O momento é mais animador diante da expectativa de uma ação de estímulos coordenada por parte dos bancos centrais mundiais, com corte dos juros básicos em estudo como uma forma de aplacar os prejuízos econômicos causados pelo coronavírus”, comentou.

 Em uma ação que não acontecia desde a crise financeira de 2008, o Federal Reserve (FED), o banco central norte-americano, cortou a taxa de juros em 0,50 ponto percentual, para a faixa de 1% a 1,25% ao ano em decisão unânime. 

“O comitê está monitorando de perto os desenvolvimentos e suas implicações para as perspectivas econômicas e usará suas ferramentas e atuará conforme apropriado para apoiar a economia”, diz o comunicado. O FED afirma que os fundamentos da economia norte-americana permanecem sólidos, mas o surto do novo coronavírus representa riscos para a atividade econômica. 

No Brasil, as indicações de oferta no mercado físico mais curta, em época de entressafra, contribuem para a sustentação. Além do Brasil, a escassez de cafés arábicas de qualidade para o mercado disponível em origens como a Colômbia e América Central, também em entressafra, ajuda o mercado futuro de café arábica a corrigir as perdas  que assustaram os investidores desde a disseminação do novo coronavírus. 

“Vale lembrar que recentemente as cotações despencaram com o coronavírus e chegaram a romper a linha de US$ 1,00 a libra-peso, passando agora por uma boa recuperação”, diz a Safras.